Capítulo II

 

 

Providência da Restauração
Centralizada em Moisés e Jesus

 

Uma passagem bíblica diz: "Certamente o Senhor Deus não faz coisa alguma, sem revelar o seu segredo aos seus servos os profetas" (Am 3.7). As escrituras contêm incontáveis segredos acerca da providência divina da salvação. Contudo, sem conhecer o princípio da providência de Deus, os homens não têm sido capazes de entender o sentido secreto das palavras da Bíblia. Nem mesmo uma simples narrativa da vida de um profeta na Bíblia é meramente a história daquele homem, mas sim o caminho que o homem decaído deve seguir. Em seguida vamos estudar como Deus revelou o modelo para o curso providencial de Jesus para a salvação da humanidade, fazendo com que Jacó e Moisés passassem pelo curso providencial da restauração.

SEÇÃO I

Modelo para Subjugação de Satanás

Na providência da restauração centralizada na família de Isaac, todo o curso de Jacó foi um modelo para o curso de Moisés, e também foi o modelo para o curso eventual e substancial de Jesus. Este modelo foi também o curso para os israelitas e para toda a humanidade, que deviam subjugar Satanás a fim de realizar a finalidade da providência da restauração.

1. A RAZÃO PELA QUAL DEUS ESTABELECEU O CURSO DE JACÓ E O CURSO DE MOISÉS COMO MODELO PARA O CURSO DE JESUS

A finalidade da providência da restauração deve, em última análise, ser realizada pelo fato de tornar-se o homem capaz de naturalmente subjugar Satanás, e dominá-lo, pela realização de sua própria porção de responsabilidade. Jesus veio com a missão do Messias, como o antepassado humano perfeito, a fim de ser o pioneiro do curso final para a subjugação de Satanás, e de levar todos os santos a seguirem este curso.

Satanás, que nem mesmo a Deus havia obedecido ou se submetido, de modo algum haveria de obedecer ou submeter-se a Jesus, como o antepassado humano, muito menos ainda aos santos. Por isso Deus, assumindo a responsabilidade no Princípio de ter criado o homem, estabeleceu o curso simbólico para subjugar Satanás por meio do modelo de Jacó.

Moisés pôde subjugar a Satanás, passando pelo curso em "imagem", tendo o curso de Jacó como padrão, porque Deus anunciou por meio de Jacó o curso típico para subjugar Satanás. Jesus também pôde subjugar Satanás passando pelo curso substancial, tendo o curso de Moisés como padrão, porque Moisés tinha caminhado pelo curso indicado por Jacó. Todos os santos também puderam subjugar e dominar Satanás caminhando pelo mesmo curso.

Quando Moisés disse que Deus levantaria um profeta semelhante a ele (At 3.22), quis dizer que Jesus teria que caminhar pelo curso providencial da restauração de Canaã em um nível mundial, usando o curso de Moisés como modelo. A Bíblia diz: "O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto Ele faz, o Filho o faz igualmente" (Jo 5.19). O sentido bíblico é que Jesus estava passando pelo mesmo curso que Deus tinha revelado por meio de Moisés. Assim Moisés se tornou o modelo para as ações de Jesus mais tarde (At 3.22).

2. O CURSO DE MOISÉS E O CURSO DE JESUS, SEGUNDO O MODELO DO CURSO DE JACÓ

O curso de Jacó possibilitou a ele subjugar Satanás. O curso para subjugar Satanás deve ser seguido em um caminho inverso àquele pelo qual Satanás invadiu. Estudemos agora o curso de Moisés e o curso de Jesus, pelos quais passaram, tendo o curso de Jacó como seu modelo.

(1) O homem, originalmente, devia ter guardado o mandamento de Deus de não comer do fruto, com o risco de sua vida. Ao falhar em vencer a tentação oferecida pelo arcanjo, ele caiu. Para que Jacó completasse a restauração de Canaã em nível de família, restaurando o fundamento para receber o Messias, depois de voltar de Harã para Canaã com família e riquezas, ele tinha que conquistar vitória em uma prova, lutando contra Satanás, com o risco de sua vida. Para triunfar em tal prova, Jacó lutou contra o anjo no vau do Jaboc. Por seu triunfo sobre o anjo, recebeu o nome de Israel (Gn 32.25-28). Deus provou a Jacó colocando o anjo na posição de Satanás. O objetivo não era levar Jacó ao sofrimento. O objetivo de Deus para a prova era estabelecer Jacó como o senhor da restauração em nível de família, levando-o a estabelecer a posição de Abel, em sua vitória na luta para restaurar o domínio sobre o anjo. O mundo angélico também devia ser restaurado pelo ato de ter o anjo uma parte principal na provação.

No caso de Moisés, para que ele se tornasse o senhor da restauração de Canaã em nível nacional, voltando para Canaã com os israelitas, teve que superar uma prova na qual Deus procurou matá-lo (Êx 4.24). Se o homem tivesse recebido a prova não de Deus, mas de Satanás, ele se tornaria presa de Satanás, se fosse derrotado. Por isso devemos saber que é devido ao amor de Deus para com o homem que Deus dá provas ao homem de seu lado. Jesus também teve que triunfar na luta contra Satanás, com o risco de sua vida, nos 40 dias de tentação no deserto (Mt 4.1-11).

(2) Jacó tinha que estabelecer a condição para eliminar a natureza decaída, porque esta se produziu devido à invasão da carne e do espírito do homem, por parte de Satanás. Portanto, Jacó tinha que restaurar a posição de Abel, estabelecendo a condição de indenização para eliminar a natureza decaída, pelo ato de tomar a primogenitura de Esaú, pelo custo de pão e sopa de lentilhas (Gn 25.34), que simbolizavam a carne e o espírito.

Com o mesmo objetivo, Deus se propôs, no curso de Moisés, a fazer com que os israelitas estabelecessem a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída, alimentando-os com codornizes e maná (Êx 16.13), simbolizando a carne e o espírito, e, por meio disso, dando-lhes um forte sentimento de gratidão e a consciência de serem os eleitos de Deus, para que pudessem obedecer a Moisés.

Jesus disse:

"Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram... Na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos." (Jo 6.49-53)

indicando que Ele também caminhou no mesmo curso, segundo o padrão estabelecido anteriormente por Jacó e Moisés. Isto significa que os homens decaídos não podem restaurar a natureza original dotada na criação, a menos que sirvam a Ele como o Messias, depois de terem estabelecido a condição de indenização em nível mundial para eliminar a natureza decaída, acreditando em Jesus e obedecendo a Ele, que estava na posição de João Batista (cf. Parte II, Capítulo II, Seção III, 2 [1]).

(3) Devido à queda do homem, até mesmo o seu cadáver foi invadido por Satanás. O corpo de Jacó, já santificado com a bênção, esteve embalsamado durante 40 dias, para estabelecer a condição de que também o corpo fosse separado de Satanás, pela vitória na batalha contra ele (Gn 50.3). Com relação a Moisés, que percorreu um curso de acordo com este modelo, houve uma disputa com respeito à localização de seu corpo depois da morte (Jd 9). Depois da morte de Jesus, houve também problemas com respeito a seu corpo (Mt 28.12-13).

(4) Devido à queda dos primeiros antepassados humanos, Satanás invadiu o homem durante o período de crescimento. A fim de restaurar isto por indenização, Deus tem operado Sua providência para estabelecer o número que representa este período, da seguinte maneira (cf. Parte II, Capítulo III, Seção II, 4): houve um período de três dias de separação de Satanás, quando Jacó retornou de Harã à terra de Canaã (Gn 31.22); houve também um período de três dias, da mesma espécie, quando Moisés retornou do Egito para Canaã, conduzindo os israelitas (Êx 5.3); e Josué também, pôde cruzar o rio Jordão só depois do período de três dias (Js 3.2). Jesus também teve um período de três dias no sepulcro (Lc 18.33) para a separação de Satanás em seu curso espiritual da restauração de Canaã em nível mundial.

A fim de restaurar horizontalmente por indenização, na geração de Jacó, as condições verticais de indenização, incluindo 12 gerações de Noé até Jacó, que tinham sido entregues nas mãos de Satanás, Jacó teve que ter 12 filhos (Gn 35.22). Por isso Moisés teve 12 tribos (Êx 24.4), e Jesus teve 12 apóstolos (Mt 10 .1).

A fim de estabelecer a condição de indenização para separar a Satanás, que tinha invadido o período de 7 dias da criação, Jacó teve 70 membros em sua família (Gn 46.27), Moisés tinha 70 anciãos (Êx 24.1) e Jesus teve 70 discípulos, cada grupo respectivamente desempenhando o papel central em cada curso (Lc 10.1).

(5) O cajado, sendo uma representação simbólica da Vontade para ferir a injustiça, ensinar o caminho e servir de apoio, simbolizava o Messias que devia vir (cf. Parte II, Capítulo II, Seção II, 2 [2]). Portanto, o fato de ter Jacó entrado na terra de Canaã, através do Jordão, apoiando-se no cajado, que tinha tão profundo significado (Gn 32 .10), prefigurava que os homens decaídos haveriam de entrar no mundo ideal da criação, atravessando o mundo pecaminoso, ferindo a injustiça, seguindo o exemplo do Messias, sendo conduzidos por ele e apoiando-se nele. Portanto, Moisés conduziu os israelitas através do mar Vermelho com o cajado (Êx 14.16), enquanto também Jesus tinha que conduzir toda a humanidade para o mundo ideal da criação de Deus, através do mar turbulento deste mundo, com uma vara de ferro, representando a Ele mesmo (Ap 2.27, 12.5).

(6) O pecado de Eva constituiu a raiz de todo pecado e se fez frutífero quando Caim matou Abel. De acordo com o princípio da restauração por indenização, uma mãe e um filho tem que efetuar a separação de Satanás em mútua cooperação, porque Satanás invadiu o homem por meio de uma mãe e um filho, produzindo assim o fruto do pecado.

Por conseguinte, Jacó pôde separar-se de Satanás depois da bênção, porque sua mãe cooperou com ele de um modo positivo (Gn 27.43). Sem a cooperação de sua mãe, Moisés também não podia ter servido à vontade de Deus (Êx 2.2). Jesus também teve a cooperação de sua mãe, que se refugiou no Egito, com seu filho, escapando do rei Herodes, que procurava matá-lo (Mt 2.13).

(7) A figura central responsável para cumprir a vontade da providência da restauração deve passar pelo curso da restauração, a partir do mundo satânico até o mundo celeste. Por isso Jacó caminhou no curso da restauração a partir de Harã, o mundo satânico, até a terra de Canaã (Gn 31.17-21). Moisés caminhou no curso da restauração a partir do Egito, o mundo satânico, até a terra prometida de Canaã (Êx 3.8). Jesus também teve que se refugiar no Egito, imediatamente depois de seu nascimento, e depois regressou a fim de passar pelo mesmo curso (Mt 2.13).

(8) A finalidade última da providência da restauração é destruir Satanás. Portanto, Jacó enterrou os ídolos debaixo de um carvalho (Gn 35.4), enquanto Moisés queimou no fogo o ídolo do bezerro de ouro, moendo-o até que se tornasse pó, e o espargiu sobre as águas e deu-o de beber ao povo de Israel (Êx 32.20). Jesus também teve que destruir o mundo pecaminoso subjugando a Satanás com suas palavras e poder (cf. Parte I, Capítulo III, Seção III, 2 [2]).

 

SEÇÃO II

A Providência da Restauração Centralizada em Moisés

1. ASPECTO GERAL DA PROVIDÊNCIA DA RESTAURAÇÃO CENTRALIZADA EM MOISÉS

A providência da restauração centralizada em Moisés devia completar-se sobre o fundamento para receber o Messias, já estabelecido na providência da restauração centralizada em Abraão. Contudo, Moisés não foi exceção no princípio da restauração no fato de que teve que construir o fundamento para receber o Messias, depois de ter restaurado por indenização tanto o fundamento de fé como o fundamento de substância. Uma vez que as figuras centrais encarregadas da providência mudaram, as novas pessoas não podiam realizar a vontade da providência da restauração sem cumprir suas porções de responsabilidade. Ademais, o alcance da providência foi ampliado do nível de família para o nível nacional. Contudo, na providência da restauração centralizada em Moisés, como se demonstra pelos fatos seguintes, o conteúdo da condição de indenização para o estabelecimento deste fundamento foi grandemente mudado, em comparação com os anteriores.

(1) Fundamento de Fé

(i) Figura Central para Restaurar o Fundamento de Fé

Moisés foi a figura central para restaurar o fundamento de fé no curso da volta dos israelitas para a abençoada terra de Canaã, depois da escravidão de 400 anos no Egito, que veio a existir devido à falha de Abraão na oferta simbólica. Antes de conhecer como Moisés estabeleceu o fundamento de fé, devemos primeiro saber em que aspectos Moisés era diferente de outros personagens, tais como Adão, Noé ou Abraão, que tinham estado procurando restaurar o fundamento de fé no curso providencial antes de Moisés.

Primeiro: devemos saber que Moisés estava na posição de Deus, substituindo ao próprio Deus. Por isso Deus disse a Moisés que ele devia ser como Deus para Aarão, o profeta dos israelitas (Êx 4.16). Outrossim, Deus disse a Moisés que ele o faria como Deus para o Faraó (Êx 7.1).

Segundo: Moisés era o modelo para Jesus, que devia vir no futuro. Como tratamos anteriormente, Deus fez a Moisés como Deus para com Aarão e Faraó. Contudo, já que Jesus é Deus na carne, a expressão de que "Deus fez a Moisés como Deus" significa que Deus o estabeleceu para caminhar no curso em que mais tarde Jesus devia caminhar. Desta maneira, Moisés foi o modelo para Jesus, e foi o pioneiro do caminho de Jesus, tal como João Batista tinha que endireitar o caminho de Jesus (Jo 1.23). Estudemos agora como Moisés caminhou neste curso.

Moisés, como descendente de Jacó, que havia estabelecido o fundamento para receber o Messias, era não somente o personagem central da restauração, mas também aquele que caminhava figurativamente no curso modelo de Jacó, no qual mais tarde Jesus haveria de caminhar. Moisés estava também situado no fundamento estabelecido por José, no curso da entrada da família de Jacó no Egito.

José era outro modelo para Jesus. José era o filho nascido de Raquel, que era a esposa de Jacó no lado celeste, e era o irmão menor dos filhos de Lia. José, que estava na posição de Abel, escapou milagrosamente da morte, quando seus irmãos maiores, que estavam na posição de Caim, tramaram matá-lo. Contudo, foi vendido a um mercador; foi para o Egito antes de todos. Tornou-se o primeiro ministro do país na idade de 30 anos. Então seus irmãos e seus pais vieram para o Egito e se inclinaram diante dele em submissão, tal como o céu havia revelado em sua infância (Gn 37.5-11). Sobre esse fundamento no curso providencial, começou o curso da escravidão dos israelitas no Egito para a separação de Satanás. Este curso de José prefigurou que Jesus viria mais tarde ao mundo satânico, e, depois de tornar-se o Rei dos reis na idade de 30 anos, através do caminho do sofrimento, subjugaria toda a humanidade, incluindo seus antepassados, e os separaria do mundo satânico, restaurando todos para o lado celeste. Assim, toda a vida de José era o exato modelo para o caminho de Jesus.

Por outro lado, o nascimento, crescimento e morte de Moisés foram também o modelo para aquilo que Jesus havia de passar. Moisés, ao nascer esteve a ponto de ser morto pelo Faraó. Depois que sua mãe o criou em segredo, foi para o palácio do Faraó e foi educado com segurança entre seus inimigos. Da mesma maneira, Jesus também esteve a ponto de ser assassinado pelo rei Herodes. Depois que sua mãe o levou para o Egito e o criou em segredo, foi trazido de volta ao domínio do rei Herodes e foi criado sem perigo entre seus inimigos. Além disso, ninguém ficou sabendo onde se encontrava o corpo de Moisés, depois de sua morte (Dt 34.6). Isso também foi o modelo para o que havia de suceder com o corpo de Jesus.

Além do mais, o curso da restauração de Moisés até Canaã em nível nacional foi o verdadeiro modelo para o curso mundial da restauração de Canaã, que Jesus iria seguir mais tarde. Podemos compreender que Moisés foi assim o modelo para Jesus mediante passagens bíblicas que dizem:

"Suscitarei para eles um profeta do meio de seus irmãos, como tu... e todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que ele falará em meu nome, eu o requererei dele." (Dt 18.18-19)

A Bíblia também diz (Jo 5.19) que Jesus não podia fazer coisa alguma de si mesmo, mas somente o que via fazer o Pai. Isto também significa que Deus já tinha mostrado através de Moisés o que Jesus haveria de fazer no futuro.

(ii) Objetos Condicionais para Restaurar o Fundamento de Fé

Moisés, como mencionamos anteriormente estava em uma posição diferente daquelas das outras figuras centrais que tinham restaurado o fundamento de fé no curso providencial antes dele. Por isso Moisés podia restaurar por indenização o fundamento de fé, simplesmente tendo estabelecido o fundamento de quarenta dias para a separação de Satanás, centralizando-se nas palavras de Deus, mesmo sem oferecer o sacrifício simbólico, como fizeram Abel, Noé ou Abraão.

Primeiro: Moisés estava no fundamento de ter completado a providência através das ofertas simbólicas estabelecidas pelo fato de Abel, Noé e Isaac terem tido êxito por três vezes nas ofertas simbólicas.

Segundo: a oferta era o objeto condicional que se estabelecia em lugar das palavras, porque os homens decaídos se tornaram incapazes de receber as palavras de Deus diretamente. No tempo de Moisés, a oferta simbólica para o fundamento de fé tornou-se desnecessária, pois o período providencial para o fundamento da restauração (idade pré-abrâmica), no qual o fundamento de fé era restaurado estabelecendo a oferta como o objeto condicional, tinha passado para a idade providencial para a restauração (Idade do Velho Testamento), no qual se podia receber a palavra de Deus diretamente.

Terceiro: já que a providência centralizada na família de Adão tinha se prolongado por tanto tempo, tinham que ser estabelecidas certas condições para restaurar por indenização a idade providencial que tinha sido prolongada devido à invasão de Satanás. Para que Noé estabelecesse o fundamento de fé através da arca, tornou-se necessário o fundamento de 40 dias de separação de Satanás. Abraão também só pode oferecer o sacrifício simbólico para estabelecer o fundamento de fé, depois de ter-se situado no fundamento de 40 dias de separação de Satanás, tendo restaurado por indenização o período de 400 anos. A nação israelita sofreu 400 anos de escravidão no Egito a fim de restaurar por indenização o fundamento de fé invadido por Satanás devido à falha de Abraão na oferta, restaurando por indenização o fundamento de 40 dias de separação de Satanás.

Assim, na idade providencial da restauração, o fundamento de fé devia ser restaurado se a pessoa pudesse colocar-se, centralizando-se na palavra de Deus em lugar das ofertas, sobre o fundamento de 40 dias de separação de Satanás.

(2) Fundamento de Substância

No período providencial para o fundamento da restauração, Deus operou sua providência para estabelecer o fundamento de substância em nível de família. Contudo, na idade providencial da restauração, Deus operou sua providência para estabelecer o fundamento de substância em nível nacional. Entretanto, Moisés, que devia restaurar o fundamento de fé no nível nacional, estava na posição de Jesus porque ele substituía a Deus (Êx 4.16, 7.1). Por essa razão, Moisés estava na posição de progenitor (pai) da nação israelita. Moisés estava também na posição de filho com relação a Jesus, como um profeta que tinha a missão de abrir o caminho para Jesus. Portanto, Moisés podia também estar na posição de Abel, como a figura central para estabelecer o fundamento de substância no nível nacional.

Abel pôde estabelecer sua própria posição para a oferta substancial, juntamente com o fundamento de fé, que Adão devia ter estabelecido, obtendo êxito em sua oferta, porque Abel ofereceu sacrifícios da posição de pai, em lugar de Adão. De acordo com o mesmo princípio, Moisés, estando simultaneamente nas posições tanto de pai como de filho, podia estabelecer a posição de Abel (que devia oferecer a oferta substancial) na posição de filho, caso viesse a restaurar por indenização o fundamento de fé, da posição de pai. Deste modo, depois que Moisés tivesse estabelecido a posição de Abel, se os israelitas tivessem estabelecido a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída, por meio de Moisés, a partir da posição de Caim, teria sido estabelecido o fundamento de substância no nível nacional.

(3) Fundamento para Receber o Messias

Caso Moisés tivesse restaurado por indenização o fundamento de fé no nível nacional, e os israelitas, centralizados em Moisés, tivessem restaurado por indenização o fundamento de substância no nível nacional, isso se tornaria o fundamento para receber o Messias no nível nacional.

Se os israelitas, sobre aquele fundamento, tivessem recebido o Messias, tivessem tirado o pecado original pelo renascimento e tivessem restaurado a natureza original dotada na criação fazendo-se um só corpo com Deus em coração e sentimento, seriam capazes de tornar-se "indivíduos substanciais aperfeiçoados".

 

CURSO DA RESTAURAÇÃO DE CANAÃ NO NÍVEL NACIONAL CENTRALIZADO EM MOISÉS

O curso de Moisés ao regressar para Canaã, a terra da promessa de Deus, conduzindo a nação eleita dos israelitas para fora do Egito, o mundo satânico, com milagres e sinais, conduzindo-os através do Mar Vermelho e desviando-se pelo deserto, foi uma verdadeira prefiguração do caminho de Jesus. Jesus ia restaurar o Éden na forma original da criação, como Deus prometeu, conduzindo os cristãos, os segundos israelitas, para fora do mundo pecaminoso, com milagres e sinais, conduzindo-os através do mar turbulento do mundo pecaminoso, desviando-se pelo deserto sem a água da vida.

Assim como o curso da restauração de Canaã no nível nacional, centralizado em Moisés, teve que ser prolongado três vezes, devido à falta de fé dos israelitas, o curso da restauração de Canaã no nível mundial, centralizado em Jesus, foi também prolongado três vezes, devido à falta de fé do povo judeu.

Evitaremos explicações complicadas e comparações detalhadas entre o curso de Moisés e o de Jesus. Seu relacionamento será esclarecido comparando esta seção com a próxima.

(1) Primeiro Curso da Restauração de Canaã no Nível Nacional

(i) Fundamento de Fé

O período de indenização no nível nacional, que se originou devido à falha de Abraão na oferta simbólica, terminou com a escravidão que sofreram os israelitas no Egito durante 400 anos. Assim, para que Moisés se tornasse a figura central para restaurar o fundamento de fé, ele tinha que estabelecer o fundamento de 40 dias de separação de Satanás, indenizando novamente, no nível individual, os 400 anos, que foram o período de indenização no nível nacional.

Para esta finalidade, Moisés teve que passar 40 anos no palácio do Faraó, o centro do mundo satânico, a fim de restaurar por indenização o número 40, que Adão, antes da queda, tinha que estabelecer para o fundamento de fé (cf. Parte II, Capítulo III, Seção II, 4).

Moisés terminou seu período de 40 anos no palácio do Faraó, onde recebeu educação de sua própria mãe, contratada no palácio como sua ama e desconhecida de todos. Esta educação aumentou a consciência de que a nação israelita era a eleita de Deus. Com imutável lealdade e fidelidade para com a linhagem da nação escolhida, abandonou o palácio, preferindo sofrer com o povo de Deus em vez de desfrutar do efêmero e pecaminoso prazer da casa do Faraó (Hb 11.24-25). Deste modo, Moisés pôde restaurar por indenização o fundamento de fé, tendo estabelecido o fundamento de 40 dias de separação de Satanás, por meio de seus 40 anos de vida no palácio do Faraó.

(ii) Fundamento de Substância

Moisés firmou-se na posição de Abel pelo estabelecimento da condição de indenização, em nível nacional, para eliminar a natureza decaída, como já foi tratado acima, ao mesmo tempo que estabelecia o fundamento de fé.

Os israelitas, que estavam na posição de Caim, deviam ter obedecido com fé e submissão a Moisés, que estava na posição de Abel, como seu pai e ao mesmo tempo como um filho. Herdando de Moisés a vontade de Deus, deviam ter multiplicado o bem. Depois, podiam ter restaurado por indenização o fundamento de substância em nível nacional, tendo estabelecido a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída. O período em que os israelitas saíram do Egito, seguindo a Moisés, e regressaram para Canaã, tornou-se também o período para que eles estabelecessem o fundamento de substância.

Com o ato de Moisés ao matar um egípcio, Deus começou a "providência para o início". Moisés, vendo que seus irmãos eram maltratados pelo egípcio, não pode conter seu fervente amor por seus irmãos; ele matou o egípcio (Êx 2.12). De fato, isto foi a expressão do profundo ressentimento de Deus, quando viu a aflição de Seu povo (Êx 3.7). O fato de os israelitas se unirem ou não, centralizando-se em um líder como Moisés, decidiria se eles podiam ou não iniciar com êxito o curso da restauração de Canaã, atravessando o deserto sob a liderança de Moisés.

A razão pela qual Moisés, que tinha sido eleito por Deus, teve que matar o egípcio foi que, por meio do ato do arcanjo ao induzir os primeiros antepassados humanos a caírem, e pelo ato de Caim matar Abel, Satanás tinha formado a história pecaminosa da humanidade a partir da posição do filho maior. Portanto, se o lado celeste não pudesse estabelecer a condição para restaurar por indenização, ferindo o lado satânico, que estava na posição do mais velho, não podia iniciar o curso da restauração de Canaã. Outrossim, era para levar Moisés a romper seu apego ao palácio do Faraó, e colocá-lo em situação tal que seria incapaz de voltar lá, enquanto, ao mesmo tempo, era para fazer com que os israelitas confiassem em Moisés, demonstrando seu patriotismo. Foi pela mesma razão que Deus feriu todos os primogênitos dos homens e do gado dos egípcios, no segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional.

Se os israelitas, ao testemunharem tal ato de Moisés, tivessem ficado profundamente comovidos por seu patriotismo, com um coração igual ao de Deus, e se o tivessem respeitado, confiado nele, servido e seguido a ele com grande ardor, teriam entrado na abençoada terra de Canaã pelo caminho direto da terra dos filisteus, sem ter que cruzar o Mar Vermelho ou dar a volta pelo caminho do deserto do Sinai, centralizados em Moisés, que os conduzia como Deus. Então, estabeleceriam ali o fundamento de substância. Ademais, isso se tornaria o curso de 21 dias, restaurando o curso de 21 anos de Jacó em Harã. Está escrito (Êx 13. l7):

"Tendo Faraó deixado partir o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, que é, no entanto, o mais curto, pois disse: "Talvez o povo venha a arrepender-se, no momento em que tivessem de enfrentar uma guerra, e voltem para o Egito."

Disto compreendemos que Deus se propunha fazer com que o povo passasse pelo primeiro curso da restauração de Canaã em nível nacional através do caminho direto da terra dos filisteus. No entanto, devido à desconfiança dos israelitas em Moisés, este curso foi anulado mesmo antes de começar. No tempo do segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional, Deus os conduziu através do Mar Vermelho e do deserto, para que não voltassem para o Egito, estando no caminho da restauração de Canaã, devido à sua falta de fé.

(iii) A Falha no Primeiro Curso da Restauração de Canaã em Nível Nacional

Se os israelitas, que estavam na posição de Caim, tivessem entrado na terra de Canaã obedecendo e submetendo-se a Moisés, que estava na posição de Abel, teriam estabelecido a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída, estabelecendo então o fundamento de substância. Contudo, quando viram Moisés matar o egípcio, o entenderam mal e a crítica do fato espalhou-se rapidamente. Faraó, ouvindo aquilo, procurou matar Moisés (Êx 2.15). Daí Moisés se viu obrigado a fugir do Faraó e, afastando-se dos israelitas, retirou-se para o deserto de Midiã. Naturalmente, o fundamento de substância não foi estabelecido, e o curso da restauração dos israelitas à Canaã, centralizando-se em Moisés, foi prolongado a uma segunda vez e, eventualmente, a uma terceira.

(2) Segundo Curso da Restauração de Canaã em Nível Nacional

(i) Fundamento de Fé

Devido ao fracasso do primeiro curso da restauração de Canaã em nível nacional, causado pela falta de fé dos israelitas, o período de 40 anos de Moisés no palácio do Faraó, que ele tinha estabelecido como o fundamento de fé, foi invadido por Satanás. Por isso, para que Moisés pudesse iniciar o segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional, tinha que estabelecer novamente o período para restaurar por indenização o período de 40 anos de vida no palácio do Faraó, que tinha sido anulado pela invasão satânica, e então tinha que restaurar o fundamento de fé. Essa foi a finalidade dos 40 anos de Moisés no deserto de Midiã, depois de ter escapado do Faraó. Durante esse período de 40 anos, a nação israelita também levou uma vida de aflição, devido à sua falta de fé em Moisés.

Moisés estabeleceu novamente o fundamento de 40 dias de separação de Satanás através de seus 40 anos no deserto de Midiã; desta forma, podia restaurar o fundamento de fé para o segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional. Por isso Deus apareceu perante Moisés e disse:

"Eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para o livrar da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel, lá onde habitam os cananeus... agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até a mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios. Vai, eu te envio ao Faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo."
(Êx 3.7-10)

(ii) Fundamento de Substância

Os 40 anos de Moisés no deserto de Midiã restabeleceram o fundamento de 40 dias de separação de Satanás e restauraram o fundamento de fé. Ao mesmo tempo, ele firmou a posição de Abel no estabelecimento da condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída. Por conseguinte, como no caso do primeiro curso da restauração de Canaã em nível nacional, os israelitas, que estavam na posição de Caim, deviam ter seguido Moisés com absoluta confiança, pois ele estava na posição de Abel. Eles poderiam então ter entrado na terra de Canaã, que manava leite e mel, como Deus havia dito, e lá poderiam finalmente ter estabelecido a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída, e daí poderiam ter estabelecido o fundamento de substância.

Para a mesma finalidade que quando Moisés matou o egípcio, Deus fez com que Moisés ferisse os egípcios, dando-lhe o poder dos três grandes milagres e dez pragas, ao estar ele preparado para iniciar seu segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional. Por meio disso, Deus começou a providência para o início.

Os motivos pelos quais Moisés teve que ferir aqueles que se encontravam no lado de Satanás eram como já foi elucidado: primeiro, restaurar por indenização a posição do filho mais velho, que tinha sido invadida por Satanás; segundo, fazer com que os israelitas rompessem seu apego ao Egito; e terceiro, possibilitar que os israelitas soubessem que Moisés tinha sido enviado por Deus (Êx 4.1-9). Além disso, havia outra razão para que Moisés pudesse ferir os egípcios. Esta era que, apesar do fato de terem os israelitas completado o período de 400 anos de indenização da escravidão no Egito, em conseqüência da falha de Abraão na oferta simbólica, como Deus tinha dito, estavam sofrendo mais 30 anos de escravidão (Êx 12.41); ouvindo seu lamento, Deus teve compaixão deles (Êx 2.24-25).

Que prefiguravam os três grandes milagres no curso da providência da restauração?

O primeiro milagre, que Deus tinha ordenado e demonstrado (Êx 4. 3-9), foi que, ao comando de Moisés, Aarão lançou sua vara na terra perante o Faraó, e ela se tornou uma serpente. Vendo isto, o Faraó chamou seus mágicos e fê-los lançar suas varas, e elas também se tornaram serpentes. No entanto, a serpente de Aarão tragou suas serpentes (Êx 7 .10-12).

Que, pois, prefigurou este milagre? Isto simbolicamente nos mostrou que Jesus viria como o Salvador e destruiria o mundo satânico. A vara que fez o milagre perante Moisés, que tinha sido estabelecido no lugar do próprio Deus (Êx 7.1), simbolizava Jesus com sua autoridade e poder, que no futuro faria tal milagre perante Deus. Ao mesmo tempo, a vara tem a missão de sustentáculo, protetor, líder justo sempre a ferir a injustiça; portanto, ela também simbolizava a Jesus no aspecto de sua missão, pois prefigurava que Jesus viria perante toda a humanidade, no futuro, com tal missão.

Além disso, o fato de ter a vara, que simbolizava Jesus, se tornado uma serpente indicou-nos que Jesus também tinha de fazer o papel de serpente. Por essa mesma razão, Jesus comparou-se a uma serpente, dizendo: "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado" (Jo 3.14). Em outra passagem, Jesus disse a seus discípulos que fossem "prudentes como as serpentes" (Mt 10.16). Com isto queria dizer que, já que os primeiros antepassados humanos, no início, caíram pela tentação da má serpente, Jesus, a fim de restaurar isso por indenização, tinha que vir como a boa serpente da sabedoria, para tentar e conduzir os homens maus ao bem. Por isso seus discípulos tinham também que seguir a sabedoria de Jesus, que veio como a boa serpente, conduzindo assim os homens maus ao bem. Por outro lado, o fato de ter a serpente de Moisés tragado as serpentes dos mágicos indicou-nos simbolicamente que Jesus viria como uma serpente celeste, para tragar e destruir a serpente satânica.

O segundo milagre foi que, por ordem de Deus, Moisés colocou sua mão em seu seio e ela tornou-se leprosa. Contudo, depois de uma segunda ordem de Deus, ele novamente colocou sua mão em seu seio, e ela foi curada (Êx 4.6-7). Este milagre simbolicamente nos indicou que Jesus viria no futuro como o segundo Adão e, com o Espírito Santo como a deidade da segunda Eva (cf. Parte I, Capítulo VII, Seção IV, 1), realizaria a obra da redenção. Quando sua mão foi colocada em seu seio pela primeira vez e tornou-se leprosa, significou que o arcanjo primeiro pôs Eva em seu seio, e os homens caíram em uma posição em que não podiam salvar-se. Outrossim, ao colocar a mão em seu seio pela segunda vez, o fato de ter ela ficado curada representava que Jesus, como o espírito paterno da humanidade, haveria de vir e restaurar o Espírito Santo, como o espírito materno da humanidade (cf. Parte I, Capítulo VII, Seção IV, 1); depois, como uma galinha agrega a sua ninhada sob suas asas (Mt 23.37), ele haveria de completamente restaurar toda a humanidade, agregando-a em seu seio e dando-lhe o renascimento.

O terceiro milagre foi que Moisés tomou água do Nilo e derramou-a na terra seca, e ela se tornou sangue (Êx 4.9). Isto representava simbolicamente que uma coisa sem vida, como a água, seria restaurada para uma coisa de vida, como o sangue. A água representa o povo do mundo, que perdeu a vida devido à queda (Ap 17.15). Este sinal nos indicou que Jesus e o Espírito Santo haveriam de vir no futuro e restaurar os homens decaídos, despojados de vida, para filhos de vida.

Deus manifestou estes três poderes a fim de estabelecer a condição simbólica de indenização, que, no futuro, possibilitava a Jesus e ao Espírito Santo virem perante os israelitas como os Verdadeiros Pais da humanidade, e restaurar toda a humanidade como seus filhos, e então restaurar o fundamento original de quatro posições, tomado por Satanás.

Quando Moisés pediu a Deus alguém que pudesse falar por ele (pois ele não era eloqüente), Deus deu-lhe Aarão, seu irmão (Êx 4.14), e depois Míriam, a profetisa, sua irmã (Êx 15.20). Isto nos mostra figurativamente (em imagem) que no futuro Jesus e o Espírito Santo, como a Palavra em substância, viriam e restaurariam os homens, despojados da Palavra devido à queda, à substância (encarnação) da Palavra. Portanto, Aarão e Míriam exaltaram a vontade de Moisés, que estava na posição de Deus no curso da restauração de Canaã, e executaram sua missão de conduzir o povo em lugar de Moisés. Isso nos mostrou figurativamente (em imagem) que, no futuro, Jesus e o Espírito Santo exaltariam a vontade de Deus no curso mundial da restauração de Canaã, e executariam a missão da redenção em lugar de Deus.

Quando Moisés ia ao encontro do Faraó com o mandamento de Deus, Jeová (o Senhor) apareceu em seu caminho e procurou matá-lo. Nessa ocasião foi poupada a vida de Moisés por ter sua mulher Zípora circuncidado seu filho (Êx 4.24-26). Tendo Moisés vencido na prova por meio da circuncisão, sua família sobreviveu, e conseqüentemente, os israelitas puderam sair do Egito. Isso também prefigurou que, mesmo quando Jesus viesse no futuro, a providência da salvação de Deus não seria realizada a menos que os israelitas passassem pelo processo da circuncisão.

Estudemos então o significado da circuncisão: Os primeiros antepassados humanos, devido à relação de sangue com Satanás, receberam o sangue da morte por meio do prepúcio. Por isso, para que os homens decaídos fossem restaurados como filhos de Deus, começaram a circuncidar-se como a condição que representava a retirada do sangue da morte, derramando o sangue do prepúcio como a condição de indenização. O significado fundamental da circuncisão é, em primeiro lugar, o sinal de derramar o sangue da morte; em segundo lugar, o sinal de restaurar o domínio do varão; e em terceiro lugar, o sinal da promessa de restaurar a posição dos filhos de natureza original. Há três espécies de circuncisão: a circuncisão da mente (Dt 10.16), a circuncisão da carne (Gn 17.10) e a circuncisão de todas as coisas (Lv 19.22-23).

Depois, Deus salvou os israelitas da terra do Egito, realizando os sinais e as dez pragas através de Moisés (Êx 7.10, 12.36). Isto também mostrou que no futuro Jesus viria e salvaria o povo escolhido de Deus por meio de milagres e sinais. Quando Jacó sofreu os 21 anos de trabalhos em Harã, Labão enganou Jacó dez vezes, sem lhe dar o devido salário (Gn 31.7). Conseqüentemente, no curso de Moisés, que devia passar pelo curso modelo de Jacó, vemos que o Faraó não somente submeteu os israelitas a uma escravidão maior do que a devida, mas também os enganou dez vezes, sem manter sua promessa de libertá-los. Por conseguinte, como condição de indenização, Deus podia castigar o Faraó, afligindo-o com dez pragas. Estudemos então o que prefiguraram estas dez pragas.

Houve três dias de trevas no lado do Egito, ao passo que houve três dias de luz no lado de Israel, demonstrando que, no futuro, quando viesse Jesus, haveria trevas no lado de Satanás, ao passo que haveria luz no lado celeste. Depois, Deus feriu todos os primogênitos dos egípcios, inclusive os primogênitos do gado, mas os israelitas puderam evitar a praga com o sangue do cordeiro pintado nas ombreiras das portas. Isso foi para possibilitar ao segundo filho, que estava na posição de Abel, restaurar a posição do primogênito, mediante o castigo de Deus aos primogênitos, porque todos os primogênitos do lado de Satanás estavam na posição de Caim. Esta praga também prefigurou que, quando Jesus viesse, restauraria a posição original do primogênito, resultando assim na decadência do lado satânico, que tomou a iniciativa no curso da providência, e na salvação do lado celeste, devido à redenção por meio do sangue de Jesus. Moisés também levou uma grande riqueza do Egito (Êx 12.35-36), e isto também prefigurou a restauração de todas as coisas por Jesus, que no futuro haveria de suceder.

Sempre que Deus operou os milagres das pragas, endureceu o coração do Faraó (Êx 10.27). A primeira razão foi para demonstrar ao povo que Deus era o Deus dos israelitas, pela manifestação de Seu poder perante o Faraó e os israelitas (Êx 10.12). A segunda razão foi para fazer com que o Faraó perdesse seu apego aos israelitas, mesmo depois de terem eles saído do Egito. Deus queria que o Faraó, depois de ter feito o possível para capturar os israelitas, percebesse sua incapacidade de detê-los, e assim finalmente os deixasse ir. Um terceiro motivo era para ajudar aos israelitas a romper seu apego ao Egito, fazendo com que tivessem um sentimento de hostilidade contra o Faraó.

No primeiro curso da restauração de Canaã em nível nacional, Deus operou a "providência para o início" quando Moisés matou o egípcio. Contudo, o povo não confiou em Moisés, e este curso terminou em malogro antes mesmo de começar. No entanto, a nação israelita no segundo curso veio a crer que Moisés era seu verdadeiro líder, enviado por Deus, quando viram os três sinais e as dez pragas, que Deus lhes mostrara como a "providência para o início". Os israelitas, confiando em Moisés e seguindo a ele, que tinha estabelecido a posição de Abel no fundamento de fé em nível nacional, foram capazes de iniciar seu segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional.

O simples fato de terem os israelitas obedecido e se submetido a Moisés temporariamente não podia tornar possível o estabelecimento da condição de indenização para eliminar a natureza decaída. Já que o curso providencial do estabelecimento da condição de indenização para eliminar a natureza decaída tinha sido invadido por Satanás, e um longo período providencial tinha caído nas mãos de Satanás, os israelitas deviam restaurar por indenização um período equivalente em nível nacional. Deste modo, os israelitas, que estavam na posição de Caim com respeito a Moisés, jamais poderiam estabelecer a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída se não acreditassem em Moisés e o seguissem em completa obediência, durante todo o período de sua jornada pelo deserto. Em conseqüência, o fundamento de substância em nível nacional não podia completar-se antes que os israelitas tivessem passado por seu curso no deserto, obedecendo a Moisés, e tivessem entrado em Canaã.

Desta maneira, "a providência para o início" no segundo curso da restauração de Canaã se realizou com maior graça do que no primeiro. No entanto, já que foi devido à sua falta de fé, a condição de indenização que os israelitas tinham que estabelecer no segundo curso foi mais pesada. No primeiro curso, seriam conduzidos diretamente através da terra dos filisteus até a abençoada terra de Canaã, em 21 dias, representando este número o período do curso de Jacó em Harã. Contudo, em seu segundo curso, como se descreve claramente na Bíblia (Êx 13.17), Deus estava preocupado com a possibilidade de que o povo regressasse ao Egito, se fosse conduzido através da terra dos filisteus, ao temer uma possível guerra e assim caindo novamente na desconfiança, como no primeiro curso. Por isto Deus não os conduziu por este caminho, mas fez com que eles entrassem em Canaã somente depois de terem cruzado o Mar Vermelho e atravessado o deserto, gastando nisso 21 meses.

Deste modo, os israelitas, centralizados em Moisés, iniciaram seu curso de 21 meses através do deserto. Estudemos de que modo isto poderia tornar-se, como foi anteriormente afirmado, o curso modelo da restauração de Canaã em nível mundial, centralizado em Jesus, que viria mais tarde.

Quando o Faraó, tendo se rendido a Moisés, permitiu aos israelitas oferecerem sacrifícios lá, Moisés enganou ao Faraó e obteve três dias de permissão, dizendo:

"Não convém que façamos assim, porque sacrificaríamos ao Senhor nosso Deus ofertas abomináveis aos egípcios. Se sacrificarmos ofertas abomináveis aos egípcios perante os seus olhos, não nos apedrejarão eles? Devemos ir caminho de três dias ao deserto, para que sacrifiquemos ao Senhor nosso Deus conforme ele nos ordenar." (Êx 8.26-27)

Deste modo Moisés tirou os israelitas do Egito.

Este período de três dias foi verdadeiramente o período que Abraão necessitou para a separação de Satanás, antes de oferecer o sacrifício de Isaac. Depois disso, o mesmo se tornou o período de indenização necessário para a separação de Satanás, sempre que alguém iniciava um curso providencial. Mesmo quando Jacó estava para iniciar seu período de restauração de Canaã, saiu de Harã enganando Labão, teve o período de três dias de separação de Satanás (Gn 31.19-22). De modo semelhante, também Moisés, antes de iniciar seu curso de restauração de Canaã, teve que ter o período de três dias de separação de Satanás, enganando o Faraó, tendo assim liberdade de ação. Isto demonstrou também que mais tarde Jesus teria que tomar o período de três dias de ressurreição para a separação de Satanás, antes que pudesse iniciar a providência espiritual da restauração. Assim, 600.000 israelitas, em sua maior parte jovens, partiram de Ramsés no dia 15 de janeiro (Êx 12.6-37, Nm 33.3).

Depois de terem os israelitas chegado a Sucot, estabelecendo aceitavelmente o período de três dias, Deus lhes deu graça e os guiou por meio de uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite (Êx 13.21). A coluna de nuvem durante o dia (positividade), que guiou os israelitas no curso de Moisés, representava a Jesus, que mais tarde conduziria os israelitas através do curso da restauração de Canaã em nível mundial. A coluna de fogo durante a noite (negatividade) simbolizava o Espírito Santo, que havia de conduzi-los como um espírito feminino.

Moisés, de acordo com a ordem de Deus, dividiu o Mar Vermelho com sua vara e cruzou-o como se fosse terra, mas os carros egípcios que o perseguiam se afogaram todos nas águas (Êx 14.21-28). Como já estudamos, Moisés, quando se apresentou perante o Faraó, simbolizava Deus (Êx 7.1), e a vara na mão de Moisés simbolizava Jesus, que havia de manifestar o poder de Deus. Por isso, este sinal nos demonstra que mais tarde, quando viesse Jesus, Satanás haveria de perseguir os que acreditassem em Jesus e o seguissem no curso da restauração de Canaã em nível mundial. No entanto Jesus, vindo com a missão de uma vara, haveria de bater no mar de amarguras do mundo, estando situado diante do povo com a vara de ferro (Ap 2.27, Sl 2.9). Daí o mar de amarguras do mundo se tornaria como um caminho plano diante dos santos, e Satanás, perseguindo o povo, pereceria. Como já foi tratado no capítulo sobre os Últimos Dias, na Parte I, a vara de ferro significa a palavra de Deus. Outrossim, em uma passagem bíblica (Ap 17.15) este mundo pecaminoso é comparado com a água. Partindo deste significado podemos chamar o mundo de "mar de amarguras".

O povo de Israel cruzou o Mar Vermelho e chegou ao deserto de Zin, no décimo quinto dia do segundo mês depois que partiram do Egito (Êx 16.1). Deus alimentou o povo de Israel com maná e codornizes até que chegaram a uma terra habitável (Êx 16.35). Isto nos mostra que mais tarde Jesus alimentaria todos os homens, no curso da restauração de Canaã em nível mundial, com sua carne (maná) e sangue (codorniz), que eram os elementos de vida para os homens. Por isto diz a Bíblia:

"Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram... Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; ...se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos." (Jo 6.49-54)

Quando o povo de Israel partiu do deserto de Zin e acampou em Refidim, Deus ordenou que Moisés ferisse a rocha em Horeb, para que a água saísse dela para o povo beber (Êx 17.6). A Bíblia também diz: "A rocha era Cristo" (I Co 10.4). Por conseguinte, isto nos mostrou que mais tarde Jesus viria e daria vida ao povo com a fonte da água viva (Jo 4.14). As duas tábuas de pedra, que Moisés recebeu mais tarde no Monte Sinai, simbolizavam Jesus e o Espírito Santo. Além disso, a rocha, sendo a raiz das tábuas de pedra, simbolizava também Deus. Já que Moisés feriu a rocha, a raiz das tábuas de pedra, para dar água ao povo de Israel, para que pudessem viver, Moisés, sobre este fundamento, podia receber as tábuas de pedra, e podia fazer a arca da aliança e o tabernáculo.

Josué lutou contra Amalec em Refidim, e sempre que Moisés erguia sua mão, Israel prevalecia. Sempre que ele baixava sua mão, Amalec prevalecia. Por isso Aarão e Hur tomaram uma pedra e a puseram debaixo de Moisés, e ele sentou-se sobre ela, e aqueles seguraram suas mãos, um de um lado e outro do outro; e Josué derrotou Amalec e seu povo (Êx 17.10-13). Isto também prefigurou o que aconteceria quando Jesus viesse no futuro. Josué era o símbolo dos que acreditavam em Jesus; Amalec era o do mundo satânico; Aarão e Hur simbolizavam Jesus e o Espírito Santo. Ademais, o fato de que Josué feriu e derrotou Amalec diante de Aarão e Hur, que erguiam as mãos de Moisés, prefigurou que os crentes que servissem a Trindade de Deus, Jesus e o Espírito Santo, poderiam ferir e destruir Satanás.

 

(iii) Providência da Restauração Centralizada no Tabernáculo

Devemos primeiro conhecer os detalhes de como os israelitas receberam as tábuas, o tabernáculo e a arca. Depois de terem triunfado na luta contra Amalec chegaram ao deserto do Sinai no início do terceiro mês (Êx 19.1). De lá, Moisés subiu ao Monte Sinai com 70 anciãos, e encontrou a Deus (Êx 24.9-10). Deus chamou Moisés ao alto do Monte Sinai, e Moisés jejuou durante 40 dias e 40 noites a fim de poder receber os dez mandamentos escritos nas tábuas de pedra (Êx 24.18). Enquanto jejuava na montanha, Moisés recebeu instruções de Deus acerca da arca e do tabernáculo (Êx 25.31). Depois de terminar o jejum de 40 dias, Moisés recebeu de Deus as duas tábuas de pedra, nas quais estavam escritos os dez mandamentos (Êx 31.18).

Quando Moisés desceu do Monte Sinai com as tábuas de pedra e foi para o povo de Israel, eles estavam adorando um bezerro de ouro, que tinham forçado Aarão a fazer, como o deus que os tirou do Egito (Êx 32.4). Ao ver aquilo, Moisés foi tomado de grande furor, e lançou as tábuas no chão e as quebrou ao pé da montanha (Êx 32.19). Deus apareceu novamente a Moisés e disse-lhe que cortasse duas tábuas de pedra como as primeiras, para que Ele pudesse escrever nelas os dez mandamentos que estavam nas primeiras tábuas que ele tinha quebrado (Êx 34.1). Quando Moisés tinha terminado seu jejum de 40 dias e 40 noites pela segunda vez, de acordo com as palavras de Deus, Deus novamente deu os dez mandamentos, escritos nas tábuas (Êx 34.28). Quando Moisés apareceu novamente diante dos israelitas com as tábuas de pedra, o povo assistiu a Moisés, e então eles construíram a arca e o tabernáculo (Êx 35.10-12).

a) Significado e Finalidade das Tábuas, do Tabernáculo e da Arca da Aliança

Que significam as tábuas de pedra? O fato de ter Moisés recebido duas tábuas de pedra, com as palavras escritas, significa que a idade providencial para o fundamento da restauração, na qual os homens, devido à queda, entravam em contato com Deus somente por meio das ofertas, havia passado; e os homens tinham entrado na idade para a providência da restauração, na qual os homens decaídos podiam entrar em contato com Deus por meio das palavras, que tinham restaurado. Como foi elucidado na Introdução da Parte II, se Adão e Eva, que foram criados pela Palavra, tivessem se aperfeiçoado, se tornariam a "perfeita encarnação da Palavra". Contudo, devido à queda, perderam a Palavra. Agora, o fato de ter Moisés recebido as duas tábuas de pedra com as Palavras escritas, através do período de 40 dias de separação de Satanás significa que Adão e Eva, por muito tempo perdidos no mundo satânico, foram restaurados como a encarnação simbólica da Palavra. Desta forma, as duas tábuas de pedra, com as Palavras escritas, eram os símbolos de Adão e Eva restaurados, simbolizando também Jesus e o Espírito Santo, que viriam mais tarde como a encarnação da Palavra. A Bíblia representa Jesus como uma pedra branca (Ap 2.17) e disse também que a rocha era Cristo (I Co 10.4), pela mesma razão. As duas tábuas de pedra, representando Jesus e o Espírito Santo, simbolizam também o Céu e a Terra.

Então, qual é o significado do tabernáculo? Jesus comparou o templo de Jerusalém a seu corpo (Jo 2.21). Ademais, os santos que creram nele foram chamados "templo de Deus" (I Co 3.16). Por conseguinte, o templo é a representação em imagem do próprio Jesus. Se os israelitas, centralizados em Moisés, tivessem triunfado em seu primeiro curso da restauração de Canaã, ter-se-iam preparado para receber o Messias construindo o templo logo que tivessem entrado na terra de Canaã. Contudo, devido à sua falta de fé, nem mesmo iniciaram o primeiro curso. Em seu segundo curso, construíram um tabernáculo em lugar do templo, porque tiveram que vagar pelo deserto depois de cruzar o Mar Vermelho. Logo, o tabernáculo era a representação simbólica do próprio Jesus. Por esta razão, Deus, ao ordenar que Moisés construísse o tabernáculo, disse: "Eles me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êx 25. 8).

O tabernáculo consistia em "lugar santo" e "lugar santíssimo". Este último era o lugar onde somente o sumo sacerdote entrava uma vez por ano, para oferecer sacrifícios. Nele se encontrava a arca, e supunha-se ser o lugar da presença de Deus. Deste modo, o lugar santíssimo simbolizava o espírito de Jesus. O lugar santo era o lugar onde entravam ordinariamente, e este simbolizava o corpo de Jesus. Conseqüentemente, pode também ser afirmado que o lugar santíssimo simbolizava o mundo substancial invisível, enquanto o lugar santo simbolizava o mundo substancial visível. Quando Jesus foi crucificado, a cortina entre o lugar santo e o lugar santíssimo rompeu-se pelo meio, de alto a baixo (Mt 27.51), significando que com o término da providência da salvação espiritual por meio da crucifixão de Jesus, ficava aberto o caminho da comunicação entre o homem espiritual e o homem físico, e entre o Céu e a Terra.

Então, que era a arca? A arca era aquela da aliança de Deus, que devia ser guardada como relíquia no lugar santíssimo. Nela se encontravam as duas tábuas de pedra, simbolizando Jesus e o Espírito Santo, e naturalmente, o Céu e a Terra. Na arca havia maná, que tinha sido o alimento de vida para os israelitas durante seu curso no deserto, e simbolizava o corpo de Jesus. O maná se achava contido em uma urna de ouro, que simbolizava a glória de Deus. Incluía-se também a vara de Aarão, que florescia, o que mostrava o poder de Deus aos israelitas (Hb 9.4). Neste sentido, a arca, considerada de modo geral, era o corpo condensado do cosmos, enquanto, por outro lado, era o corpo condensado do tabernáculo.

O propiciatório cobria a arca, e Deus ordenou que fizessem dois querubins de ouro batido e cobrissem as duas extremidades do propiciatório. Então Ele se reuniria com eles lá, entre os dois querubins, e falaria com eles sobre todas as coisas que lhes daria como mandamentos para o povo de Israel (Êx 25.16-22). Isso nos indicou que, mais tarde, quando Jesus e o Espírito Santo, representados pelas tábuas de pedra, viessem e resgatassem o povo pela obra de comover seus corações, Deus apareceria no propiciatório; ao mesmo tempo, o querubim, que havia impedido o caminho para Adão alcançar a Árvore da Vida no Jardim do Éden, seria separado a cada lado, para a direita e para a esquerda, e todos teriam a oportunidade de ir perante Jesus, como a Árvore da Vida e de receber as palavras de Deus.

Qual, então, foi o propósito de Deus ao lhes dar as tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca? Os israelitas, depois de terem terminado o período de 400 anos de indenização, originado pela falha de Abraão na oferta simbólica, feriram os egípcios com os três sinais e as dez pragas, afogaram um incontável número de soldados egípcios em carros que os perseguiam, separando as águas do Mar Vermelho, e depois abriram seu caminho pelo deserto. Os israelitas tinham saído do Egito com muito ressentimento e hostilidade. Assim, para os israelitas, que estavam em uma situação que os compelia a continuar em seu caminho, sem voltar para o Egito, a restauração de Canaã era o curso inevitável que tinham que seguir a todo custo. Por isso Deus realizou muitos milagres e sinais na providência para o início, e fez com que os israelitas cruzassem o Mar Vermelho, colocando-os em uma situação em que seriam incapazes de voltar.

Não obstante, todos os israelitas perderam a fé. Por fim havia perigo que até o próprio Moisés agisse sem fé. Naquele ponto, Deus tinha que estabelecer um firme objeto de fé, que nunca mudaria, mesmo que o homem pudesse mudar. Isto é, sempre que houvesse nem que fosse um só homem de fé absoluta, Deus faria com que este homem fosse o sucessor na assistência ao objeto de fé, assim realizando gradualmente a vontade de Sua providência.

Com que, pois, podia o homem estabelecer o objeto de fé? O tabernáculo, que simbolizava o Messias, guardando no seu interior as tábuas de pedra como relíquia, era este objeto. Portanto, a construção do tabernáculo significava que o Messias já tinha vindo, simbolicamente.

Conseqüentemente, se os israelitas, centralizados em Moisés, tivessem exaltado o tabernáculo como o Messias, com profunda lealdade, e assim tivessem sido restaurados para a abençoada terra de Canaã, o fundamento de substância em nível nacional teria sido realizado naquele tempo. Mesmo que todos os israelitas tivessem caído na infidelidade, se somente Moisés tivesse ficado para guardar o tabernáculo, a nação poderia novamente estabelecer a condição de indenização e poderia ser restaurada sobre o fundamento centralizado em Moisés, que servia ao tabernáculo. Além disto, mesmo que Moisés tivesse caído na infidelidade, se um só homem de Israel tivesse guardado o tabernáculo até o fim em lugar de Moisés, teria sido possível a Deus operar novamente sua providência para restaurar toda a nação, que tinha caído na infidelidade, centralizando-se naquele único homem que havia restado.

Se os israelitas não tivessem caído na infidelidade em seu primeiro curso da restauração de Canaã em nível nacional, a família de Moisés podia ter desempenhado o papel de tabernáculo. Moisés podia ter substituído as tábuas de pedra e a arca da aliança, e a lei familiar de Moisés podia ter sido o substituto da lei celeste. Assim, eles podiam ter entrado na terra de Canaã sem necessidade das tábuas de pedra, da arca e do tabernáculo; e lá podiam ter construído o templo. As tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca foram o que Deus deu aos israelitas a fim de salvá-los, depois de terem caído na falta de fé. O tabernáculo, sendo a representação simbólica de Jesus e do Espírito Santo, era o que necessitavam até a construção do templo. O templo, sendo a representação em imagem de Jesus e do Espírito Santo, era o que necessitavam até a vinda do Messias, que devia ser o templo substancial.

b) Fundamento para o tabernáculo

Assim como o fundamento para receber o Messias deve ser realizado a fim de poder receber o Messias, o fundamento para o tabernáculo deve ser estabelecido a fim de poder receber o tabernáculo, o qual é o Messias simbólico. Por conseguinte, não pode haver dúvida de que eles tinham que estabelecer tanto o fundamento de fé para o tabernáculo, como o fundamento de substância para o tabernáculo, a fim de estabelecer o fundamento para o tabernáculo. Então, que deviam ter feito os israelitas, centralizados em Moisés, a fim de estabelecer estes dois fundamentos?

Se Moisés tivesse estabelecido aceitavelmente o período de 40 dias de separação de Satanás por jejum e oração; obedecendo às palavras de Deus para o tabernáculo, o fundamento de fé para o tabernáculo seria estabelecido. E, se os israelitas tivessem obedecido com submissão e fé para com Moisés, que tinha que estabelecer o ideal do tabernáculo, a condição de indenização para eliminar a natureza decaída para o tabernáculo seria estabelecida. Desta forma, o fundamento de substância para o tabernáculo seria também estabelecido. O tabernáculo aqui significa tudo, incluindo as tábuas de pedra e a arca da aliança.

Primeiro fundamento para o tabernáculo

O homem é o ser substancial (encarnação) da Palavra (Jo 1.3), e foi criado no sexto dia. Por isso para que Deus operasse a providência de dar ao homem as palavras da recriação para a restauração do homem decaído, tinha que santificar o número "seis", correspondendo ao período da criação invadido por Satanás. Conseqüentemente, Deus santificou o Monte Sinai cobrindo-o com nuvens na glória de Jeová durante seis dias. Aparecendo nas nuvens no sétimo dia, Ele chamou a Moisés (Êx 24.16). Daquele momento em diante, Moisés jejuou por 40 dias e 40 noites (Êx 24.18). Isto era para que Deus fizesse com que Moisés estabelecesse o fundamento de fé para o tabernáculo, que era o Messias simbólico, fazendo com que ele estabelecesse o período de 40 dias de separação de Satanás, quando Deus viu que os israelitas tinham caído de novo na infidelidade, depois de cruzarem o Mar Vermelho.

Como já foi tratado, a condição de indenização para eliminar a natureza decaída no curso da restauração de Canaã devia ser realizada não pelo simples fato de temporariamente os israelitas confiarem em Moisés e obedecerem a ele, mas sim permanecendo naquele estado até que tivessem entrado em Canaã, tivessem construído o templo e tivessem recebido o Messias. Da mesma maneira, também ao estabelecerem a condição de indenização para eliminar a natureza decaída, e o fundamento de substância para o tabernáculo, antes de construírem o tabernáculo, os israelitas deviam ter confiado em Moisés, servido e obedecido a ele até que terminassem a construção do tabernáculo. Contudo, os israelitas caíram na infidelidade enquanto Moisés estava jejuando e orando. Fizeram com que Aarão fabricasse um bezerro de ouro para eles, e o adoraram, dizendo que era seu deus, que os havia tirado da terra do Egito (Êx 32.4). Deste modo, os israelitas falharam em estabelecer a condição de indenização para eliminar a natureza decaída, que tinham que estabelecer para o tabernáculo e, naturalmente, falharam também em estabelecer o fundamento de substância para o tabernáculo.

Deus guiou os israelitas com sinais e milagres. Contudo, nem sequer Deus podia interferir em sua ação, durante o período em que o próprio homem devia restaurar a Palavra, por sua própria porção de responsabilidade, pois foi o próprio homem que perdeu o fundamento da Palavra. Moisés foi tomado de cólera ao ver o povo dançando diante do ídolo, lançou as duas tábuas de pedra ao pé da montanha, quebrando-as (Êx 32.19). Isto teve por resultado a invasão por Satanás do fundamento de fé para o tabernáculo, que Moisés tinha estabelecido por meio do período de 40 dias de separação de Satanás. As duas tábuas de pedra, como já foi esclarecido acima, simbolizam o segundo Adão e a segunda Eva, Jesus e o Espírito Santo. O fato de ter Moisés quebrado as duas tábuas de pedra, que simbolizavam Jesus e o Espírito Santo, por causa da infidelidade dos israelitas, mostrou-nos simbolicamente que, mais tarde, Jesus e o Espírito Santo tinham a possibilidade de falhar em cumprir a missão original dada por Deus, sendo Jesus crucificado, se o povo judeu viesse a cair em infidelidade.

Tal infidelidade dos israelitas frustrou a providência de Deus, que tinha sido planejada para fazer com que os israelitas estabelecessem o fundamento para o tabernáculo. A providência de Deus para estabelecer o fundamento para o tabernáculo foi prolongada pela segunda e terceira vez, por causa da persistente infidelidade dos israelitas.

Segundo fundamento para o tabernáculo

Todos os israelitas centralizados em Moisés caíram na infidelidade para com a providência de Deus. Visto que já estavam no fundamento de terem bebido da água da rocha em Refidim (Êx 17.6), que era a raiz das tábuas de pedra, Deus podia aparecer de novo a Moisés, depois de ter ele quebrado as tábuas de pedra, e ordenar que cortasse duas tábuas como as primeiras, para escrever nelas as palavras que tinha escrito nas primeiras (Êx 34.1). Moisés, porém, não podia restaurar o tabernáculo centralizado nas tábuas de pedra, sem restaurar o fundamento de fé para o tabernáculo, estabelecendo novamente o fundamento de 40 dias de separação de Satanás. Portanto, ele pôde restaurar o ideal do tabernáculo e as segundas tábuas de pedra, com as palavras dos dez mandamentos escritas, somente depois dos segundos 40 dias e 40 noites de jejum (Êx 34.28).

O fato de que as tábuas de pedra, uma vez quebradas foram restauradas pelo jejum e oração de 40 dias e 40 noites, mostrou-nos que embora Jesus fosse crucificado, Cristo poderia vir novamente e começar a providência da salvação sobre esse fundamento, caso os santos, crendo nele, estabelecessem a condição de indenização para recebê-lo por meio do fundamento de 40 dias de separação de Satanás.

Durante o período de 40 dias de separação de Satanás, no qual Moisés restaurou, pela segunda vez, o ideal do tabernáculo centralizando-se nas tábuas de pedra, os israelitas não só obedeceram e se submeteram a Moisés, mas também criaram o tabernáculo de acordo com as ordens de Deus e as instruções de Moisés. Aquele era o primeiro dia do primeiro mês do segundo ano (Êx 40.17).

Assim, o povo escolhido de Israel construiu o tabernáculo sobre o fundamento para o tabernáculo, que tinham estabelecido pela realização do fundamento de substância para o tabernáculo, depois de terem estabelecido a condição de indenização para eliminar a natureza decaída. Todavia, como tratamos anteriormente, o fundamento de substância em seu segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional não podia ser estabelecido pela mera construção do tabernáculo. Deviam ter exaltado e honrado o tabernáculo com fervor contínuo até que entrassem em Canaã, construíssem o templo e recebessem o Messias.

No vigésimo dia do segundo mês do segundo ano, os israelitas partiram do deserto do Sinai, centralizados no tabernáculo, guiados pela coluna de nuvem (Nm 10.11-12). Deus, porém, queimou seu acampamento em ira, porque o povo mais uma vez caíra na infidelidade e se queixava de Moisés (Nm 11.1). Não obstante, os israelitas não despertaram para a vontade de Deus, e continuaram a ter ressentimento contra Moisés, protestando porque não havia peixe nem fruta, exceto o maná, e que tinham saudades da terra do Egito (Nm 11.4-6) Por isso o fundamento para o tabernáculo foi invadido por Satanás. A providência para restaurar este fundamento teve que ser prolongada mais uma vez.

Terceiro fundamento para o tabernáculo

O segundo fundamento de fé para o tabernáculo foi invadido por Satanás, porque o povo caiu novamente na infidelidade. Devido à constante fé e lealdade de Moisés, porém, o tabernáculo permaneceu firme sobre o fundamento de fé para o tabernáculo, estabelecido por Moisés; Os israelitas estavam situados sobre o fundamento de terem bebido da água da rocha em Refidim (Êx 17.6); a rocha era a raiz das tábuas de pedra, que eram o centro do tabernáculo. Sobre estas bases, portanto, se os israelitas tivessem tido êxito no estabelecimento do fundamento de 40 dias de separação de Satanás, e tivessem obedecido em completa submissão a Moisés, centralizando-se no tabernáculo, teriam restaurado por indenização o fundamento para o tabernáculo pela terceira vez. O período de 40 dias de espionagem foi a condição que Deus lhes impôs a fim de realizar isto.

Deus enviou à terra de Canaã as doze pessoas que tinha escolhido, uma de cada tribo dos israelitas, como o chefe da tribo (Nm 13.1), e ordenou que observassem a terra por 40 dias (Nm 13.25). Voltando eles, porém, da terra, todos, exceto Josué e Caleb, apresentaram relatórios incrédulos. Isto é, informaram que os israelitas não seriam capazes de destruir a cidade e o povo de lá, afirmando que as pessoas que viviam naquela terra eram fortes e que as cidades estavam fortificadas (Nm 13.28). Além disto, disseram que a terra devoraria seus habitantes e que todas as pessoas que viram nela eram homens de grande estatura, a cujo lado eles pareciam gafanhotos (Nm 13.32-33). Os israelitas, ouvindo este relatório, murmuraram contra Moisés e choraram em lamentação, dizendo que deviam eleger um capitão e voltar para o Egito.

Não obstante, Josué e Caleb bradaram, dizendo que não deviam rebelar-se contra o Senhor, que deviam atacar o povo que habitava a terra, sem medo. Proclamaram que o Senhor estava com os israelitas, e que os cananeus se tornariam sua presa, já que sua proteção tinha sido removida deles (Nm 14.9). No entanto a congregação procurou apedrejar a Josué e Caleb (Nm 14.10). Então a glória do Senhor se manifestou a todo o povo, e o Senhor disse a Moisés:

"Até quando me desprezará este povo? E até quando não acreditarão em mim, apesar de todos os prodígios que fiz no meio deles?" (Nm 14.11)

Disse ainda Ele:

"Todavia introduzirei nela os vossos filhos, dos quais dizeis que seriam a presa do inimigo, e eles conhecerão a terra que desprezastes. Quanto a vós, os vossos cadáveres ficarão nesse deserto, onde os vossos filhos guardarão os seus rebanhos durante quarenta anos, pagando a pena de vossas infidelidades, até que vossos cadáveres se apodreçam no deserto. Explorastes a terra por quarenta dias; tantos anos quantos são esses dias pagareis a pena de vossas iniqüidades, ou seja, durante quarenta anos, e vereis o que significa ser objeto de minha vingança." (Nm 14.3l-34)

Deste modo, o terceiro fundamento para o tabernáculo não pôde ser restaurado, e seu segundo curso de 21 meses no deserto foi prolongado para um terceiro curso no deserto, de 40 anos.

(iv) A Falha do Segundo Curso da Restauração de Canaã em Nível Nacional

Devido à falta de fé dos israelitas, o fundamento para o tabernáculo foi invadido por Satanás pela terceira vez. Portanto, o estabelecimento da condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída no segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional veio a fracassar. Em conseqüência, falharam no estabelecimento do fundamento de substância, que deviam estabelecer pela segunda vez; naturalmente, o segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional terminou em fracasso e foi prolongado ao terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional.

(3) Terceiro Curso da Restauração de Canaã em Nível Nacional

(i) Fundamento de Fé

Devido à falta de fé dos israelitas, o segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional terminou em fracasso. Portanto, o período de 40 anos no deserto de Midiã, que Moisés tinha estabelecido a fim de restaurar o fundamento de fé naquele curso, foi novamente invadido por Satanás. Devido terem os israelitas falhado em estabelecer o período de 40 dias de espionagem com fé e obediência, passaram 40 anos, cada dia calculado como um ano, vagando pelo deserto, até voltarem a Cades-Barnéia. Este período de 40 anos foi para Moisés separar a Satanás, que tinha invadido o fundamento de fé durante o segundo curso, e para restaurar por indenização o fundamento de fé para o terceiro curso. Moisés, que havia guardado e exaltado o tabernáculo em completa fé e lealdade, durante o período de 40 anos vagando no deserto até a volta a Cades-Barnéia, conseguiu estabelecer o fundamento de fé para o terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional. Conseqüentemente, a posição de Abel para a oferta substancial em nível nacional deste curso foi firmemente estabelecida.

(ii) Fundamento de Substância

Devido ao fracasso dos israelitas, pela sua falta de fé e rebeldia, ao estabelecer o curso de espionagem de 40 dias, o fundamento para o tabernáculo permaneceu invadido por Satanás. Por isso, o fundamento de substância para o segundo curso não foi estabelecido. Todavia, o fundamento de fé para o tabernáculo estabelecido por Moisés, que havia exaltado e guardado o tabernáculo com lealdade, permaneceu como um êxito. Sobre esta base, se os israelitas tivessem estabelecido o fundamento de separação de Satanás, que invadiu o período de 40 dias de espionagem, obedecendo a Moisés, que estava exaltando o tabernáculo com fé imutável durante seu período de 40 anos vagando no deserto, podiam ter estabelecido tanto o fundamento de substância para o tabernáculo como o fundamento para o tabernáculo, naquele tempo. Se os israelitas, neste fundamento, tivessem entrado em Canaã, honrando Moisés, centralizados no tabernáculo pela fé e obediência, o fundamento de substância no terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional teria sido estabelecido naquele tempo.

Para Moisés, o período de 40 anos vagando no deserto foi o período para o estabelecimento do fundamento de fé no terceiro curso. Para os israelitas, foi o período para realizar a providência para o início no terceiro curso, restaurando a posição de terem honrado Moisés, que havia construído o tabernáculo no segundo curso.

Fundamento de substância centralizado em Moisés

Anteriormente esclarecemos que os israelitas receberam as tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca porque caíram na infidelidade no deserto. Sua falta de fé permitiu a Satanás invadir os três grandes sinais, que Deus manifestara perante eles como a providência para o início, em seu segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional. Por isso Deus os fez passar por esse período de provação de 40 dias, a fim de restaurarem por indenização o que tinham falhado em fazer, e então concedeu-lhes as três grandes dádivas das tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca.

Ademais, Deus executou as dez pragas, a fim de restaurar por indenização o fato de ter Labão enganado a Jacó dez vezes, quando Jacó estava para regressar de Harã para a terra de Canaã. Os israelitas, porém, caíram novamente na infidelidade, e Deus lhes deu os Dez Mandamentos para restaurá-la por indenização. Por conseguinte, caso os israelitas viessem a guardar os Dez Mandamentos e as três dádivas, exaltando as tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca, viriam a restaurar a posição de terem partido do Egito com a ajuda dos três grandes milagres e as dez pragas, em seu segundo curso. As tábuas de pedra eram o corpo condensado da arca e a arca era o do tabernáculo, de forma que as tábuas de pedra eram o corpo condensado do tabernáculo. Portanto, a arca e o tabernáculo podiam ser representadas ou pelas tábuas de pedra ou pela rocha, sua raiz. Conseqüentemente, o terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional começaria partindo de Cades-Barnéia, de acordo com a "providência para o início", centralizada na rocha.

Como, então, se propunha Deus realizar a "providência para o início" centralizada na rocha? Com o fim de dar vida aos israelitas, que estavam caindo na incredulidade sem ter estabelecido de maneira aceitável o período de 40 anos no deserto (Nm 20.4-5), Deus ordenou que Moisés ferisse a rocha com sua vara perante a congregação dos israelitas, para que tivessem água e bebessem (Nm 20.8). Se o primeiro ato de Moisés ao ferir a rocha, trazendo água e dando de beber aos israelitas, tivesse levado o povo a sentir grande espanto com o poder de Deus, a tal ponto que eles se unissem todos, centralizando-se em seu líder, eles teriam podido colocar-se sobre o fundamento para o tabernáculo, juntamente com Moisés; e sobre esse fundamento, teriam podido realizar a "providência para o início", centralizando-se na rocha. Se tivessem confiado em Moisés, obedecendo daquele momento em diante, e tivessem entrado em Canaã sob sua liderança, teriam podido estabelecer a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída, e teriam também estabelecido o fundamento de substância, centralizado em Moisés, para seu terceiro curso. Contudo, Moisés, ao ver que o povo murmurava com ressentimento contra ele, por não terem água, foi tomado de tal furor que feriu a rocha duas vezes com sua vara. Por isto Deus disse:

"Porquanto faltastes à confiança em mim, para fazer brilhar a minha Santidade aos olhos dos israelitas, não introduzireis esta assembléia na terra que lhe destino." (Nm 20.12)

Assim falhou Moisés em realizar a "providência para o início" centralizada na rocha, ao feri-la duas vezes, quando devia tê-la ferido uma só vez. Por isso ele nunca pode entrar na abençoada terra de Canaã, a terra da promessa, embora ela estivesse diante de seus olhos (Nm 20.24, 27.12-14).

Devemos agora compreender por que Moisés devia ter ferido a rocha só uma vez, e como o fato de tê-la ferido duas vezes tornou-se tamanho crime. Cristo é simbolizado como a pedra branca (Ap 2.17); ademais, está escrito que a rocha era Cristo (I Co 10.4). Entretanto, como foi esclarecido no capítulo sobre a Queda do Homem, Cristo veio como a Árvore da vida (Ap 22.14). Naturalmente, a rocha é também a Árvore da Vida. Por outro lado, a Árvore da Vida era o símbolo de Adão perfeito no Jardim do Éden. Já que esta Árvore da Vida é simbolizada pela rocha, a rocha é também o símbolo de Adão perfeito.

No Jardim do Éden, Satanás feriu a Adão, que devia tornar-se a rocha. Conseqüentemente, Adão não pôde alcançar a Árvore da Vida (Gn 3.24). Em conseqüência, não pôde tampouco tornar-se a rocha que produziria a "água da vida", proveniente de Deus, a qual seus descendentes beberiam para sempre. Portanto, a rocha, antes que Moisés a ferisse, que não havia produzido água, simbolizava Adão decaído. Satanás, ferindo uma vez Adão e fazendo com que ele caísse, transformou-o no "Adão como a rocha incapaz de brotar água". Por isso Deus tencionava estabelecer a condição para restaurar por indenização a "Adão como a rocha capaz de verter água", ferindo uma vez a rocha que representava Adão incapaz de produzir água, e fazendo brotar água dele. Conseqüentemente, a rocha que Moisés feriu uma vez para tirar água simbolizava Jesus, que devia vir e dar de beber da água da vida a todos os homens decaídos. Por isso disse Jesus:

"Todo aquele que beber da água que eu lhe der, nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorrará até a vida eterna." (Jo 4.14)

Deus autorizou a Moisés ferir a rocha somente uma vez, como condição para restaurar por indenização o primeiro Adão da queda para o segundo Adão da perfeição, ou Jesus. Todavia, o ato de Moisés ao ferir a rocha pela segunda vez tornou-se a ação que representava a possibilidade de ferir a Jesus, que haveria de vir como a rocha restaurada e daria de beber da água da vida a toda a humanidade. Deste modo, a falta de fé dos israelitas e o ato de Moisés ferir duas vezes a rocha, enfurecido, estabeleceram uma condição que possibilitava a Satanás vir diretamente perante Jesus, a "rocha em substância", caso os israelitas caíssem em infidelidade, mais tarde, por ocasião da vinda de Jesus. Por isso o ato de Moisés se tornou um crime.

O ato de Moisés de quebrar as tábuas de pedra uma vez podia ser restaurado, mas seu erro em ferir a rocha duas vezes não podia ser restaurado. Devemos estudar a razão disto.

Encaradas do ponto de vista da providência da restauração, as tábuas de pedra e a rocha tem a relação do externo e do interno. As tábuas de pedra, em que estavam escritos os dez mandamentos, eram o centro da lei de Moisés e, conseqüentemente, o centro do Velho Testamento. Os israelitas da Idade do Velho Testamento podiam entrar na esfera da salvação desta idade crendo no ideal das tábuas de pedra. Neste aspecto, as tábuas de pedra eram a representação externa de Jesus, que haveria de vir mais tarde. De acordo com a passagem "a rocha era Cristo" (I Co 10.4), a rocha simboliza Jesus e, ao mesmo tempo, forma a raiz (origem) das tábuas de pedra. Logo, simboliza também a Deus, que é a raiz (origem) de Jesus, as tábuas de pedra substanciais. Neste sentido, as tábuas de pedra são externas, enquanto a rocha é interna. Se compararmos as tábuas de pedra com o nosso corpo, a rocha corresponde à nossa mente. Se compararmos as tábuas de pedra com o lugar santo, a rocha pode ser comparada com o lugar santíssimo. Além disso, se compararmos as tábuas de pedra com a Terra, a rocha corresponde ao Céu. Por conseguinte, a rocha é a representação interna de Jesus, e possui um valor maior do que as tábuas de pedra.

Já que as tábuas de pedra são a representação externa de Jesus, também simbolizam Aarão, que foi constituído como a representação externa de Jesus, perante Moisés, o símbolo de Deus (Êx 4.16, 7.1). Entretanto, os israelitas fizeram com que Aarão fabricasse o bezerro de ouro (Êx 32.4). Assim, Aarão se tornou um fracasso, juntamente com as tábuas de pedra. Não obstante, Aarão podia reviver pelo arrependimento, no fundamento de ter bebido da água da vida da rocha em Refidim. Logo, as tábuas de pedra, simbolizando Aarão, podiam também ser restauradas, por meio de um novo estabelecimento da condição de indenização sobre o fundamento interno da água da vida da rocha. Contudo, a rocha, que representa a raiz das tábuas de pedra, simboliza tanto Cristo como Deus, que é sua raiz. Portanto, o ato de feri-los jamais podia ser recuperado.

Que espécie de resultado produziu o ato de Moisés ao ferir a rocha duas vezes? O ato de Moisés ao ferir a rocha pela segunda vez foi causado por sua impaciência e cólera contra os israelitas, que estavam caindo na infidelidade (Sl 105.32-33). Este ato foi o que ele fez do ponto de vista de Satanás. Conseqüentemente, a "providência para o início" de Deus, que Ele se propusera realizar por meio da rocha, resultou na invasão por Satanás.

Assim, o ato externo de Moisés ao ferir a rocha duas vezes foi um ato de Satanás; mas, na realidade interna, os israelitas beberam da fonte de água que brotava da rocha. Por isso os israelitas externos, que tinham saído do Egito, não puderam entrar em Canaã, a terra prometida por Deus, exceto Josué e Caleb. Moisés também morreu com a idade de 120 anos, tendo a terra da esperança e do desejo diante de seus olhos (Dt 34.4-5). Em lugar de Moisés (Nm 27 .18-20), Josué entrou em Canaã, conduzindo os israelitas internos, que haviam nascido durante o curso no deserto, onde tinham bebido da água da rocha e exaltado o tabernáculo (Nm 32.11-12).

Se o ato de Moisés ao ferir a rocha duas vezes tivesse resultado na invasão de Satanás, a rocha não poderia ter produzido água. Como, então, pôde a rocha produzir água? Em seu segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional, Moisés já tinha fornecido a base pela qual podia fazer brotar água da rocha, pela obediência ao mandamento de Deus em Refidim, ferindo a rocha para fazer brotar água e dando de beber aos israelitas (Êx 17.6). As tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca, que estavam estabelecidos sobre este fundamento, foram passados para o terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional, por causa da fé de um só homem, Moisés, que tinha guardado o mandamento de Deus firmemente sobre o fundamento de fé para o tabernáculo, que ele havia estabelecido com o jejum e oração de 40 dias, mesmo quando os israelitas caíram todos na infidelidade. Mais tarde, até Moisés caiu no estado de infidelidade por causa de seu furor contra o povo, mas seu coração e zelo para com o céu permaneceram imutáveis. Ademais, Josué guardou e exaltou as tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca, com fé imutável sobre o fundamento para o tabernáculo, que ele havia estabelecido por meio de sua espionagem de 40 dias em Canaã. Logo, o fundamento da fonte da rocha, estabelecido em Refidim, também permaneceu intacto, centralizado em Josué.

Desta maneira, embora o ato externo de infidelidade de Moisés resultasse na invasão externa da segunda rocha por Satanás, a água foi produzida da rocha internamente, de modo que o povo a bebeu, devido à base interna do coração imutável de Moisés e da fé e lealdade de Josué.

O ato de Moisés ao ferir a rocha duas vezes resultou em que ele tomou a posição de Satanás. Satanás, por conseguinte, tomou posse da pedra. Foi por este motivo que Jesus, que veio como a pedra substancial, foi para o deserto, quando o povo judeu caiu na infidelidade, em seu curso mundial da restauração de Canaã, a fim de encontrar e restaurar a pedra perdida no deserto. É esta a razão pela qual ele primeiro sofreu a tentação de ouvir de Satanás que transformasse a pedra em pão.

Devido ao fato de Moisés ter ferido duas vezes a rocha externamente, em furor contra a infidelidade dos israelitas, sua carne foi invadida por Satanás e ele morreu no deserto, mas, internamente, ele pôde fazer brotar água da rocha e dar de beber ao povo, por causa de seu imutável coração e zelo. Isto tornou possível que ele entrasse em Canaã espiritualmente. Isto prefigurava a possibilidade de que quando Jesus, a rocha substancial, viesse, sua carne fosse invadida por Satanás pela crucifixão, devido à desconfiança do povo, deixando assim inacabada a restauração mundial de Canaã fisicamente. Neste caso, ele a realizaria só espiritualmente.

Depois que Moisés feriu a rocha duas vezes, Deus enviou serpentes de fogo para os israelitas, que estavam caindo na infidelidade, e as serpentes os mordiam e matavam (Nm 21.6). Quando os israelitas vieram a arrepender-se, Deus ordenou que Moisés fizesse uma serpente de bronze e a colocasse em um poste, de forma que, se uma serpente tivesse mordido algum homem, aquele homem podia olhar para a serpente de bronze e viver (Nm 21.9). A serpente de fogo simbolizava Satanás, a antiga serpente, que havia causado a queda de Eva (Ap 12.9), e a serpente de bronze no poste simbolizava Jesus, que viria mais tarde como a serpente celeste (Jo 3.14). Isto prefigurava para nós que, assim como Deus havia posto os israelitas nas mãos da serpente satânica, quando caíram na infidelidade, e os trouxe de volta para a vida quando se arrependeram e restauraram sua fé, coisas semelhantes sucederiam no tempo de Jesus. Isto é, se o povo judeu caísse na falta de fé, Deus teria que colocá-los nas mãos de Satanás; então, Jesus se veria obrigado a morrer na cruz, como a serpente celeste, para que toda a humanidade pudesse viver. Todo aquele que se arrependesse de sua falta de fé e cresse na redenção pela cruz, seria salvo. Por isso disse Jesus: "Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve o Filho do homem ser levantado" (Jo 3 .14). Isto, de fato, veio a ser uma causa remota que obrigou Jesus a iniciar seu curso espiritual, através da cruz, no terceiro curso mundial da restauração de Canaã, centralizado em Jesus.

Quando Moisés feriu a rocha duas vezes, Deus predisse que Moisés não poderia entrar na terra de Canaã (Nm 20.12). Moisés então rogou a Deus que o deixasse entrar em Canaã (Dt 3.25), mas finalmente morreu, tendo a terra prometida à vista. Depois de sua morte, foi enterrado num vale, na terra de Moab, mas ninguém conhece o lugar de sua sepultura, até o dia de hoje (Dt 34.6). Isto prefigurou que, mais tarde, Jesus também poderia morrer na cruz, se o povo judeu caísse na infidelidade. Embora pudesse rogar com fervor que Deus deixasse passar dele o cálice da morte, para que pudesse realizar a restauração mundial de Canaã, haveria finalmente de morrer sem realizar esta vontade, e o paradeiro de seu corpo seria desconhecido.

Fundamento de substância centralizado em Josué

Porquanto Moisés feriu a rocha duas vezes, a vontade de Deus para os israelitas entrarem em Canaã, com a "providência para o início" centralizada na rocha, não foi cumprida. Devido ao fato de ter Moisés ferido a rocha duas vezes (Nm 20.1-13), Satanás podia invadir externamente, mas devido ao fundamento de ter tirado água da rocha em Refidim, Moisés podia dar de beber internamente aos israelitas. Isto nos mostrou outro curso da providência de Deus. Isto é, aqueles que se achavam entre os "israelitas externos", que haviam nascido no Egito (o mundo satânico) e haviam caído na infidelidade no deserto, morreram todos no deserto, exceto Josué e Caleb, que haviam estabelecido o período de 40 dias de espionagem em boa fé. Somente os "israelitas internos", nascidos durante sua vida no deserto, quando o povo bebeu a água da rocha e exaltou o tabernáculo, entraram em Canaã, centralizando-se em Josué em lugar de Moisés (Nm 32. 11-12).

Por isso disse Deus a Moisés:

"Toma a Josué, filho de Num, homem em quem está o espírito e põe a tua mão sobre ele; apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação, e dá-lhe um mandato aos olhos deles. Confere a ele um pouco do tua autoridade, para que toda a congregação do Povo de Israel obedeça." (Nm 27.18-20)

Josué foi um dos dois que, em contraste com os israelitas que caíram na infidelidade durante o período de 40 dias de espionagem, permaneceram firmes sobre o fundamento de fé para o tabernáculo, estabelecido por Moisés. Josué pôde assim estabelecer o fundamento para o tabernáculo com fé e lealdade imutáveis, exaltando o tabernáculo até o fim. Deste modo, mesmo que Moisés tivesse caído na infidelidade, as tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca permaneceram intactos no fundamento para o tabernáculo estabelecido por Josué. Por conseguinte, Deus tencionava realizar a "providência para o início", centralizando-se na água da rocha, estabelecendo a Josué em lugar de Moisés, e fazendo com que os israelitas internos obedecessem a ele e se colocassem com ele no fundamento para o tabernáculo. Em conformidade com esta providência, Deus se propôs fazer com que o povo entrasse na terra de Canaã, estabelecesse a condição de indenização em nível nacional para eliminar a natureza decaída, e completasse o fundamento de substância centralizados em Josué, em seu terceiro curso.

Por isso Deus disse:

"Ele (Josué) passará (para Canaã) adiante deste povo, e haverá de colocá-lo na posse da terra que tu (Moisés) haverás de ver." (Dt 3.28)

Depois, disse Deus a Josué:

"Como estava com Moisés, assim estarei contigo; não te deixarei nem te desampararei. Sê forte e tem muita coragem, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais dar-lhes." (Js 1.5-6)

Depois que Moisés tinha cumprido, de acordo com a vontade de Deus, a vida de 40 anos no deserto de Midiã, Deus apareceu a Moisés e ordenou-lhe que conduzisse os israelitas à terra de Canaã, a terra que manava leite e mel (Êx 3.8-10). Da mesma maneira, Deus chamou a Josué, em lugar de Moisés, e comandou-o dizendo:

"Meu servo Moisés morreu. Vamos, agora! Passa o Jordão, tu e todo o povo, e entra na terra que dou aos filhos de Israel." (Js 1.2)

Josué, em obediência às ordens de Deus, chamou os oficiais do povo e comunicou-lhes a vontade de Deus (Js 1.10). Eles então responderam dizendo:

"Faremos tudo o que nos ordenaste, e iremos onde quer que nos enviares ... Todo aquele que for rebelde às tuas ordens e não obedecer ao que lhe mandares, será morto. Tu, porém, sê forte e corajoso." (Js 1.16-18)

Assim, eles estavam decididos a seguir Josué mesmo arriscando suas vidas. Deste modo, Josué, que tinha a missão de substituir a Moisés, pode ser visto como um símbolo do Senhor do Segundo Advento, que virá a fim de herdar e cumprir, por sucessão, a missão de Jesus. Por isso o curso de Josué, que tinha que restaurar por indenização o curso de Moisés, foi o curso que representava o caminho do Senhor do Segundo Advento, que há de restaurar por indenização, tanto espiritual como fisicamente, o curso da restauração iniciado por Jesus.

Foram 12 os homens que Moisés enviou, em seu segundo curso para Canaã, para explorar a terra (Nm 13.1-2). Destes, somente dois cumpriram sua missão com lealdade imutável. Sobre o fundamento de seu coração e zelo, Josué enviou dois homens a Jericó, para espionar a cidade (Js 2.1). Depois de terem cumprido sua missão, os dois homens informaram de boa fé, dizendo: "Verdadeiramente o Senhor deu toda a terra em nossas mãos; e, além disto, todos os habitantes da terra estão desfalecidos por causa de nós" (Js 2.24). Então, todos os descendentes de Israel, nascidos no deserto, creram nas palavras dos espiões. Por meio de sua fé, puderam indenizar o pecado de seus antepassados, que não tinham sido capazes de cumprir sua espionagem de 40 dias, de acordo com a vontade de Deus.

Desta maneira, os israelitas internos, tendo prometido, com o risco de suas vidas, obedecer a Josué, que estava sobre o fundamento para o tabernáculo, puderam colocar-se também sobre o mesmo fundamento juntamente com Josué. Assim, por meio da "providência para o início", que tinham estabelecido centralizando-se na fonte de água da rocha, restauraram a posição de seus antepassados, centralizados em Moisés, que tinham realizado a "providência para o início", por meio dos três grandes sinais e das dez pragas, em seu segundo curso. Portanto, assim como os israelitas, centralizados em Moisés, tinham completado o curso de três dias antes de cruzar o Mar Vermelho, os israelitas, centralizados em Josué, também completaram o curso de três dias antes de cruzar o Jordão (Js 3.2). Entretanto, assim como os israelitas, depois de seu curso de três dias, tinham sido conduzidos ao Mar Vermelho pela coluna de nuvens e pela coluna de fogo, os israelitas centralizados em Josué, também depois de seu curso de três dias, foram conduzidos ao Jordão pela Arca da Aliança (Js 3.3, 3.8), que simbolizava Jesus e o Espírito Santo, representando a coluna de nuvens e a coluna de fogo.

Assim como o Mar Vermelho tinha sido dividido pela vara, abrindo o caminho para Moisés e o povo, as águas do Jordão, que transbordavam sobre suas margens, foram separadas quando os sacerdotes, levando a Arca, entraram no rio (Js 3.16), e todo o Israel passou a pé enxuto (Js 3.17). A vara era uma representação de Jesus, que havia de vir. A arca da Aliança, que continha as duas tábuas de pedra, juntamente com o maná e a vara de Aarão, era a substância que simbolizava Jesus e o Espírito Santo. O fato de que na presença da Arca, as águas do Jordão se separaram e os israelitas foram restaurados à terra de Canaã sem dificuldade prefigurava que mais tarde, na presença de Jesus e do Espírito Santo, o mundo pecaminoso, simbolizado pelas águas (Ap 17.15), seria separado por meio do julgamento e todos os santos realizariam a restauração mundial de Canaã. Nesta ocasião, ordenou Deus a Josué, dizendo:

"Escolhe doze homens dentre o povo, um por tribo, e ordena-lhes: Tomai daqui, do meio do Jordão, deste lugar onde os pés dos sacerdotes estiveram parados, doze pedras, que levareis convosco e as colocareis no lugar onde haveis de passar a noite" (Js 4.2-3)

"Ora, o povo saiu do Jordão no décimo dia do primeiro mês, e acampou em Gálgala, na extremidade oriental de Jericó. Josué levantou em Gálgala as doze pedras tomadas do Jordão." (Js 4.19-20)

Que prefigurava isto? Como já esclarecemos, a pedra simbolizava Jesus, que havia de vir. Logo, o fato de terem os doze homens, representando as doze tribos, tomado as doze pedras, tomadas no meio do Jordão, onde as águas foram separadas pela arca, indicava que, mais tarde, os doze apóstolos de Jesus, eleitos como representantes das doze tribos, deviam honrar a Jesus, no meio do mundo pecaminoso, separado em bem e mal, de acordo com as palavras de Jesus.

Depois que tomaram as doze pedras e as levantaram no acampamento na terra de Canaã, Josué disse:

"Para que todos os povos de terra saibam que a mão do Senhor é poderosa; para que vós temais ao Senhor vosso Deus para sempre." (Js .4.24).

Isto prefigurava que somente quando os doze apóstolos de Jesus se unissem mais tarde, em um só lugar, em completa união de mente e vontade, é que a restauração mundial seria efetuada e a onipotência de Deus seria louvada para sempre.

Assim como Jacó tinha levantado o altar de pedra onde quer que tivesse estado, os representantes das doze tribos, que eram os descendentes dos doze filhos de Jacó, também levantaram o altar de oração para louvar a Deus, recolhendo doze pedras, indicando que mais tarde seria construído um templo de maneira semelhante. Isto nos indicou realmente que os doze apóstolos de Jesus deviam honrar e servir a Jesus, como o templo, com todo seu zelo reunido. Mais tarde, quando seus apóstolos não conseguiram unificar-se, Jesus disse: "Destruí este templo, e em três dias o levantarei" (Jo 2.19). De fato, os doze apóstolos não se uniram em harmonia, e a traição de Judas Iscariotes causou a destruição de Jesus, o templo, por meio da crucifixão; e em três dias ele foi ressuscitado dos mortos, e reuniu novamente seus apóstolos dispersos. Então seus apóstolos serviram e honraram a Jesus ressuscitado, apenas como o templo espiritual. O Templo substancial será estabelecido por ocasião do Segundo Advento.

Assim como os israelitas, quando começaram o seu segundo curso para a terra de Canaã, observaram a festa da Páscoa no décimo quarto dia de primeiro mês do ano que precedeu sua jornada (Êx 12.17-18), os israelitas, centralizados em Josué, que acamparam em Gálgala, também observaram a festa da Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês do ano que precedeu sua jornada para a cidade fortificada de Jericó. Quando começaram a alimentar-se dos produtos da terra, Deus deixou de alimentá-los com o maná, depois de cuidar deles por 40 longos anos. Daí por diante, tinham que depender do que cultivavam com seu próprio suor. Até o momento de romperem o último portão da cidade satânica, tiveram que cumprir sua porção de responsabilidade, que era a parte do homem. De acordo com o mandamento de Deus para os israelitas, 40.000 soldados estavam na vanguarda, seguidos de sete sumos sacerdotes, marchando com sete trombetas, diante da arca da aliança, levada pelos sacerdotes levitas (Js 3.3). Depois, toda a multidão dos israelitas marchava na retaguarda (Js 6. 8-9).

Tal como Deus lhes havia ordenado, os israelitas marcharam em torno da cidade nesta formação durante seis dias, fazendo uma volta a cada dia; mas não se produziu nenhuma mudança na cidade. Tinham que restaurar por indenização, em completa paciência e obediência absoluta, o período de seis dias da criação, que tinha sido invadido por Satanás. Depois de terem estabelecido os seis dias por meio de tal obediência, no sétimo dia, os sete sacerdotes com as sete trombetas marcharam ao redor da cidade sete vezes, fazendo soar as trombetas, e Josué disse ao povo: "Gritai, pois o Senhor vos entregou a cidade" Ao seu comando, o povo deu um grande grito e as muralhas desabaram (Js 6).

Este curso nos anunciou que mais tarde, por meio do poder de Jesus e seus discípulos, a barreira satânica entre o céu e a terra cairia. Por isto disse Josué:

"Maldito seja diante do Senhor quem tentar reconstruir esta cidade de Jericó! Será ao preço do seu primogênito que lhe lançará os primeiros fundamentos, e será à custa do último de seus filhos, que lhe porá as portas." (Js 6. 26)

Porque esta barreira satânica não devia jamais ser estabelecida novamente.

Assim Josué destruiu o inimigo com uma força irresistível, derrotando 31 reis ao todo (Js 12.9-24). Isto também prefigurava que Jesus viria como o Rei dos reis e estabeleceria o Reino de Deus na Terra, em uni-dade, destruindo todos os reis gentios, e unificando os povos do mundo inteiro.

(iii) Fundamento para Receber o Messias

Os israelitas falharam em seu segundo curso da restauração de Canaã em nível nacional porque não puderam estabelecer o período de 40 dias de espionagem para a separação de Satanás. Então, para indenizar este período novamente, iniciaram seu terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional e, depois de 40 anos vagando pelo deserto, voltaram para Cades-Barnéia. Desta vez, Moisés pôde estabelecer o fundamento de fé para o terceiro curso e os israelitas puderam situar-se sobre o fundamento para o tabernáculo.

Contudo, devido à falta de fé dos israelitas, e ao fato de que Moisés feriu a rocha duas vezes, os dois fundamentos foram invadidos por Satanás. Por isto, os israelitas externos, que tinham partido do Egito centralizados em Moisés, foram todos destruídos no deserto; mas Josué e Caleb puderam estabelecer o fundamento para o tabernáculo, porque cumpriram o período de 40 dias de espionagem para a separação de Satanás, com fé e lealdade, baseados no fundamento de fé e no fundamento de fé para o tabernáculo, que tinham sido estabelecidos por Moisés no segundo curso. Assim, os israelitas externos, centralizados em Moisés, morreram todos no deserto. Mas os israelitas internos, nascidos durante sua peregrinação pelo deserto, quando exaltaram e serviram ao tabernáculo, puderam cruzar o Jordão levando a arca da aliança com absoluta lealdade, centralizados em Josué em lugar de Moisés. Então, tendo destruído a cidade de Jericó, entraram em Canaã, a terra de seu desejo.

Deste modo, o fundamento de substância no terceiro curso da restauração de Canaã em nível nacional ficou estabelecido. Por conseguinte, o fundamento para receber o Messias para este curso foi estabelecido também. Depois do fundamento para receber o Messias em nível de família, estabelecido por Abraão, e depois do curso de indenização de 400 anos de escravidão no Egito, causado pela falha de Abraão na oferta, estabeleceu-se o fundamento para receber o Messias em nível nacional. Entretanto, os homens decaídos, naquele tempo erigiram um poderoso reino; isto é, o Egito, centralizado em Satanás, e eles mantiveram sua posição contra a providência celeste da restauração. Como já abordamos (cf. Parte II, Capítulo I, Seção III, 3) o Messias não podia vir antes que fosse levantado o reino no lado de Deus, que pudesse enfrentar a Satanás, mesmo que estivesse estabelecido o fundamento para receber o Messias em nível nacional, centralizado em Josué. Contudo, os israelitas internos, tendo entrado em Canaã, caíram novamente em infidelidade e a providência foi prolongada de novo, até o tempo de Jesus.

3. LIÇÕES APRENDIDAS DO CURSO DE MOISÉS

No longo curso da história, desde o tempo de Moisés até os dias atuais, numerosos santos, servindo à vontade divina, leram repetidas vezes o testemunho bíblico com respeito a Moisés. No entanto, pensavam que estas palavras fossem meramente o relato da história de Moisés, e não houve entre eles homem algum que soubesse que Deus tencionava revelar-nos, por meio de Moisés, certos segredos com respeito à Sua providência da restauração. O próprio Jesus apenas o insinuou, dizendo: "Na verdade, na verdade vos digo, o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; mas só faz o que vê fazer o Pai" (Jo 5.l9), e deixou sem esclarecimento o significado fundamental do curso de Moisés (Jo 16.12).

Já esclarecemos como Moisés passou pelo curso típico ou modelo para a providência da restauração. O fato de ter seu curso prefigurado o curso que Jesus mais tarde haveria de percorrer ficará mais esclarecido comparando-o com a Seção III deste capítulo. Examinando a providência de Deus centralizada em Moisés, não podemos negar o fato de que Deus está por detrás da história humana, conduzindo-a para um propósito absoluto.

A seguir, o curso de Moisés mostrou-nos que o grau do cumprimento por parte do homem de sua porção de responsabilidade, decide o êxito ou fracasso da predestinação de Deus. Nem mesmo a vontade predestinada de Deus podia obter êxito, centralizada em uma determinada pessoa, caso a pessoa preparada para a predestinação não cumprisse sua porção de responsabilidade. Deus predestinou Sua vontade para fazer com que Moisés conduzisse o povo de Israel à terra de Canaã, que manava leite e mel, e ordenou que Moisés o fizesse. Não obstante, quando ele e seu povo fracassaram no cumprimento de sua responsabilidade, somente Josué e Caleb, dentre todos os israelitas que tinham saído do Egito, entraram em Canaã, e todos os outros morreram no deserto.

O curso de Moisés nos demonstra também que Deus não interfere na porção de responsabilidade do homem, mas trata apenas com o resultado. Deus tinha conduzido os israelitas com maravilhosos milagres e sinais, mas não interferiu nem com o povo ao fazer o ídolo do bezerro de ouro, enquanto Moisés se encontrava na montanha recebendo as tábuas de pedra, nem com Moisés ao ferir a rocha duas vezes, porque isto era sua própria porção de responsabilidade, que eles tinham que cumprir por si mesmos.

Por outro lado, Deus mostrou-nos, por meio do curso de Moisés, que Sua vontade predestinada é absoluta. É positivo e absoluto que Deus cumpra a vontade que antes predestinou. Por isso, quando Moisés falhou em cumprir sua responsabilidade, Deus estabeleceu a Josué em seu lugar, e, por fim, realizou a vontade que antes havia predestinado. Deste modo, se uma pessoa que Deus estabeleceu na posição de Abel vier a falhar em cumprir sua missão, a pessoa que tiver sido leal na posição de Caim o substituirá, herdando por sucessão a missão de Abel. Jesus queria dizer isto, quando afirmou: "... o reino dos céus é arrebatado à força, e são os violentos que o conquistam" (Mt 11.12).

Outra lição que ainda nos ensina o curso de Moisés é que quanto maior for a missão de um homem, tanto mais fortes serão as tentações que se lhe apresentam. Já que o primeiro casal humano caiu por não crer em Deus e por revoltar-se contra Ele, o personagem encarregado da restauração do fundamento de fé tinha que vencer a tentação ou o sofrimento de se ver totalmente abandonado por Deus. Por conseguinte, Moisés tinha direito a ser o líder dos israelitas somente depois de vencer a prova pela qual Deus procurou matá-lo (Êx 4.24).

Nem Deus pode dar ao homem uma graça incondicional, pois, originalmente, Satanás veio a possuir o homem sobre a condição da queda, e poderia acusar a Deus de ser injusto, se a graça fosse concedida sem uma tentação correspondente. Por conseguinte, quando Deus concede ao homem uma graça, certamente lhe dá uma tentação, a qual precede ou segue a graça (ou ambos), a fim de impedir a acusação de Satanás. Tirando exemplos do curso de Moisés: Moisés recebeu a graça do primeiro Êxodo somente depois de sofrer por 40 anos no palácio do Faraó. Foi-lhe concedida novamente a graça do segundo Êxodo somente depois de sofrer por 40 anos no deserto de Midiã (Êx 4.20). Deus concedeu a Moisés os três grandes sinais e os milagres e as dez graças (Êx 7.1, 10.2) somente depois da prova em que Deus procurou matá-lo (Êx 4. 24-25). Veio a graça da coluna de nuvens e da coluna de fogo (Êx 13.21) somente depois do sofrimento do curso de três dias (Êx 10.22). Por outro lado, somente depois do sofrimento enquanto cruzavam o Mar Vermelho (Êx 14.21-22), é que pôde vir a dádiva do maná e das codornizes (Êx 16.13), e somente depois do sofrimento por causa da luta contra os amalecitas (Êx 17.10) é que veio a graça das tábuas de pedra, do tabernáculo e da arca da aliança (Êx 31.18, 40.38). Outrossim, somente depois do sofrimento dos 40 anos em que vagaram pelo deserto (Nm 14.33), é que houve a graça da água da rocha (Nm 20. 8), e somente depois do sofrimento da serpente de fogo (Nm 21.6), é que houve a graça da serpente de bronze (Nm 21.9). Vemos assim que o curso de Moisés nos ensina muitas lições.

SEÇÃO III

Providência da Restauração Centralizada em Jesus

No início, Adão, que devia dominar os anjos (I Co 6.3), produziu o inferno ao ser dominado por Satanás. Por isso, a fim de restaurar o domínio de Adão, por indenização, Jesus, que veio como o segundo Adão, devia subjugar a Satanás e restaurar o Reino de Deus. Como dissemos na Seção I, Satanás, que não se tinha submetido nem mesmo a Deus, não podia ser forçado a submeter-se a Jesus e seus seguidores. Por isto, assumindo a responsabilidade no Princípio de criar o homem, Deus, estabelecendo a Jacó e Moisés, preparou o curso modelo com o qual Jesus subjugaria Satanás no futuro.

Jacó passou pelo curso simbólico de subjugar Satanás, enquanto Moisés caminhou pelo curso em imagem de subjugar Satanás; assim, Jesus tinha que passar pelo curso substancial. Por conseguinte, Jesus tinha que realizar o curso mundial da restauração de Canaã subjugando Satanás, seguindo o modelo do curso nacional da restauração de Canaã, no qual Moisés tinha subjugado a Satanás.

Deus disse a Moisés.

"Eu lhes suscitarei um profeta como tu dentre seus irmãos; e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar." (Dt 18.18)

Ao dizer "um profeta como tu" (Moisés), Deus se referia a Jesus, que passaria pelo mesmo curso que Moisés. Igualmente, Jesus disse que "o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; mas só faz o que vê fazer o Pai" (Deus) (Jo 5.19), indicando que Jesus estava caminhando pelo curso modelo que Deus havia prefigurado por meio de Moisés. Os detalhes já foram tratados na providência da restauração centralizada em Moisés, mas agora estudemos a providência da restauração centralizada em Jesus, comparando e contrastando o esquema total dos três cursos da restauração nacional a Canaã centralizando-se em Moisés, e os três cursos da restauração mundial de Canaã centralizando-se em Jesus.

1. PRIMEIRO CURSO MUNDIAL DA RESTAURAÇÃO DE CANAÃ

(1) Fundamento de Fé

A figura central para restaurar o fundamento de fé no primeiro curso mundial da restauração de Canaã era João Batista. Em que posição estava João Batista para realizar sua missão? Foi tratado no "Curso de Moisés" que seus atos de quebrar as tábuas de pedra, e de ferir a rocha duas vezes no curso da restauração nacional de Canaã, apresentaram a Satanás a possibilidade de ferir Jesus, se o povo judeu, que devia ter-se centralizado em Jesus, caísse em infidelidade.

Para que Jesus evitasse esta condição, o povo eleito de Israel, que preparava a base para sua vinda, devia ter-se unido em harmonia, centralizando-se no templo, que era a entidade em imagem do Messias. Contudo, os israelitas repetidamente caíram em infidelidade, criando assim a condição para Satanás invadir a Jesus, que havia de vir no futuro. Para impedir esta condição, Elias, o profeta, veio e trabalhou para a separação de Satanás, destruindo 850 falsos profetas, inclusive a Baal e Asserá (I Rs 18.19), e finalmente subiu ao céu (II Rs 2.11). Todavia, visto que sua missão não foi completamente realizada, Elias tinha que voltar para cumprir o resto de sua missão (Ml 4.5). O profeta que veio como Elias, para herdar por sucessão e cumprir a missão de separar o povo de Satanás, que tinha sido deixada incompleta por Elias, e para endireitar o caminho do Messias (Jo 1.23), era João Batista (Mt 11.14, 17.10-13).

Os israelitas estavam sofrendo a escravidão de 400 anos no Egito, sem um profeta que os guiasse, e enquanto isso acontecia, encontraram-se com um homem, Moisés, como o personagem que podia guiá-los para a terra de Canaã e ajudar a encontrar o Messias. Da mesma maneira, o povo judeu se achava também sob a escravidão das nações gentílicas da Pérsia, Grécia, Egito, Síria e Roma, durante os 400 anos do período da preparação para a vinda do Messias, desde o tempo do profeta Malaquias, sem um só profeta que os guiasse. Enquanto se achavam assim, finalmente encontraram João Batista como o personagem capaz de conduzi-los ao Messias que devia vir para a restauração mundial de Canaã.

Moisés, que tinha sido estabelecido no fundamento de separação de Satanás da escravidão de 400 anos no Egito, aprendeu o caminho da lealdade e devoção filial no palácio do Faraó. João Batista, que estava colocado sobre o fundamento de separação de Satanás do período de 400 anos de preparação para a vinda do Messias, também aprendeu o caminho da lealdade e devoção filial para com Deus, a fim de receber o Messias, enquanto se alimentava de gafanhotos e mel selvagem no deserto. Por isso o povo judeu, inclusive os sumos sacerdotes (Jo 1.19), pensavam que João Batista talvez fosse o Messias (Lc 3.15). Deste modo, João Batista estava sobre o fundamento de 40 dias de separação de Satanás, e podia estabelecer o fundamento de fé para a primeira restauração mundial de Canaã.

(2) Fundamento de Substância

João Batista, colocado na posição de Moisés, estava para o povo judeu, na posição tanto de Pai como de filho. Da posição de pai, podia restaurar por indenização o fundamento de fé para a primeira restauração mundial de Canaã. Ao mesmo tempo, podia estabelecer a posição de Abel ao estabelecer a condição de indenização em nível mundial para eliminar a natureza decaída, da posição do filho (cf. Parte II, Capítulo II, Seção II, 1 [2]). Conseqüentemente, João Batista estava colocado sobre o fundamento que estabeleceu em nível mundial, ampliando a posição de Moisés, que, depois de 40 anos de indenização no palácio do Faraó, assentou o fundamento de fé para a primeira restauração em nível nacional.

No tempo de Moisés, Deus tencionava cumprir a "providência para o início", fazendo com que o povo de Israel confiasse em Moisés, depois de vê-lo matar o egípcio. Os israelitas desse tempo tinham que abandonar o Egito, a nação satânica, e ir para a terra de Canaã; ao passo que o povo judeu, centralizado em João Batista, ao invés de sair do Império Romano e trasladar-se a outra terra, tinha que permanecer sob o regime e subjugá-lo, restaurando o império para o Céu. Por isso Deus mostrou ao povo os sinais e milagres centralizados em João Batista e, fazendo com que o povo judeu cresse nele, tencionava realizar a "providência para o início".

Por meio da extraordinária predição do anjo com respeito à concepção de João Batista, mediante o milagre de seu pai tornar-se mudo por não acreditar nisto e devido a muitos outros milagres que Deus mostrou aos israelitas no tempo do nascimento de João, eles sabiam, desde o momento de seu nascimento, que João Batista era o profeta que Deus lhes havia enviado. É justamente como diz a Bíblia:

"O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia. Todos os que o ouviam, conservavam-no em seu coração, dizendo: "quem será este menino?" Porque a mão do Senhor estava com ele." (Lc 1.65-66)

Ademais, devido à sua brilhante carreira de ascetismo, e sua vida de oração no deserto, os sumos sacerdotes (Jo 1.19) e todo o povo judeu (Lc 3.15) o tinham em tão alta estima que o confundiram com o Messias.

Moisés matou o egípcio depois do período de 40 anos de indenização no palácio do Faraó. Daí, se os israelitas, comovidos por seu patriotismo, tivessem acreditado nele e o tivessem seguido, poderiam ter ido imediatamente para Canaã pelo caminho direto dos filisteus, sem ter que cruzar o Mar Vermelho, sem fazer um desvio pelo deserto e sem necessidade das tábuas de pedra, do tabernáculo ou da arca da aliança. Se o povo judeu do tempo de Jesus também tivesse acreditado em João Batista e tivesse seguido a ele, a quem Deus havia estabelecido para que acreditassem nele, por meio dos milagres e sinais, podiam ter restaurado o fundamento de substância, estabelecendo a condição de indenização para eliminar a natureza decaída, e sobre ele podiam ter restaurado o fundamento para receber o Messias.

(3) A Falha no Primeiro Curso da Restauração de Canaã em Nível Mundial

O povo judeu estava na posição de crer em João Batista e de segui-lo, sobre o fundamento de fé estabelecido por ele (Jo 1.19, Lc 3.15). Portanto, podiam terminar a Idade do Velho Testamento e iniciar seu novo curso de restauração de Canaã em nível mundial. Contudo, como já dissemos (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção II), João Batista, embora ele mesmo tivesse testificado que Jesus era o Messias, no final duvidou dele (Mt 11.3). Ao negar que tinha vindo como Elias, ele não somente obstruiu o caminho para o povo judeu chegar a Jesus, mas também causou que eles o traíssem. Por conseguinte, João Batista saiu da posição de Abel para estabelecer o fundamento de substância e, em conseqüência, o povo judeu não estabeleceu a condição de indenização em nível mundial para eliminar a natureza decaída.

Deste modo, o fundamento para receber o Messias não foi estabelecido, porque o povo judeu não assentou o fundamento de substância. Por conseguinte, o primeiro curso da restauração de Canaã em nível mundial terminou em fracasso, prefigurando um segundo, ou mesmo um terceiro curso, tal como no tempo de Moisés.

2. SEGUNDO CURSO DA RESTAURAÇÃO DE CANAÃ EM Nível MUNDIAL

(1) Fundamento de Fé

(i) Jesus Herda por Sucessão a Missão de João Batista

João Batista era um personagem na posição de um Adão restaurado perante Jesus, que veio como um Adão aperfeiçoado. Portanto, João Batista tinha que estabelecer o fundamento para receber o Messias, completando todas as missões deixadas sem terminar por todas as figuras centrais que tinham vindo no curso da história providencial até aquele tempo, com o fim de restaurar o fundamento de fé e o fundamento de substância. Daí, conduzindo o povo judeu, que haveria de acreditar nele e segui-lo sobre esta base, ele os haveria de transferir totalmente a Jesus, juntamente com todo o fundamento da providência. Depois disto, ele mesmo devia ter seguido a Jesus com inteira fé e lealdade.

João Batista batizou Jesus no Rio Jordão (Mt 3.16) sem conhecer o significado daquele ato, mas era uma cerimônia para transferir-lhe tudo o que João havia feito em favor da vontade de Deus.

Não obstante, João Batista tornou-se depois cada vez mais cético com respeito a Jesus, e finalmente o traiu. Naturalmente, o povo judeu, que acreditava em João Batista e o seguia como o Messias (Lc 3.15), se viu obrigado a não crer em Jesus (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção II). Em conseqüência, o fundamento de fé que João Batista havia estabelecido para o primeiro curso mundial da restauração de Canaã foi, no final, invadido por Satanás. Por isso o próprio Jesus se viu obrigado a restaurar por indenização aquele fundamento de fé, herdando por sucessão a missão de João Batista e iniciando assim o segundo curso mundial para a restauração de Canaã. Jesus se separou de Satanás jejuando por quarenta dias no deserto, e isto foi para restaurar por indenização o fundamento de fé, a partir da posição de João Batista.

Jesus, que veio como o Filho único de Deus e o Senhor da Glória, originalmente não devia ter andado pelo caminho da tribulação (I Co 2.8). Todavia, João Batista, que nasceu com a missão de preparar seu caminho (Jo 1.23, Lc 1.76), falhou em cumprir sua missão. Assim, o próprio Jesus teve que sofrer as tribulações que João Batista tinha que sofrer, ao preparar o caminho de Jesus. Desta forma, Jesus, embora fosse o Messias, sucedeu a João Batista para iniciar o curso da providência da restauração. Por isso ele disse a seus discípulos que não fizessem público o fato de que ele era o Messias (Mt 16.20).

(ii) O Jejum e a Oração de Quarenta Dias de Jesus no Deserto e suas Três Grandes Tentações

Devemos primeiramente conhecer as causas remotas e imediatas do jejum e oração de quarenta dias de Jesus e de suas três grandes tentações. No curso da restauração nacional de Canaã, Moisés, que estava diante da rocha, perdeu a fé e feriu-a duas vezes. Por isso a rocha, simbolizando a Cristo (I Co 10.4), sofreu a invasão de Satanás. Isto se tornou um ato que indicava que mais tarde, mesmo no curso de Jesus, que caminharia no curso de Moisés como padrão, seria possível que Satanás invadisse João Batista, que viria para endireitar o caminho de Jesus, caso se tornasse infiel. Conseqüentemente, esta ação também indicou que Satanás podia invadir o fundamento de fé centralizado em João Batista, que devia vir antes do Messias. Portanto, a ação de Moisés ao ferir a rocha duas vezes tornou-se a causa remota que obrigou Jesus a ir para o deserto e sofrer o jejum de 40 dias e as três grandes tentações, a partir da posição de sucessor de João Batista, a fim de restaurar o fundamento de fé, caso João Batista viesse a perder a fé.

João Batista tornou-se infiel (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção II, 3), e Satanás invadiu o fundamento de fé que ele havia assentado. Tendo isto como a causa imediata, Jesus teve que sofrer o jejum de 40 dias e as três grandes tentações na posição de João Batista, para poder restaurar por indenização o fundamento de fé, estabelecendo o fundamento de 40 dias para separar a Satanás.

Então, qual era o propósito de Satanás ao oferecer a Jesus as três grandes tentações? Na Bíblia (Mt 4.1-10) lemos que Satanás mostrou pedras e disse a Jesus que ordenasse que elas se transformassem em pães. Depois, levou-o ao pináculo do templo e disse que se lançasse para baixo. Por fim, levou-o a uma montanha muito alta, e disse a Jesus que daria o mundo inteiro, se Jesus se prostrasse e o adorasse, apresentando assim três tentações a Jesus.

No início, Deus criou o homem e o abençoou de três modos: a perfeição da individualidade, a multiplicação dos filhos e o domínio sobre o mundo da criação (Gn 1.28). A finalidade da criação de Deus era que o homem alcançasse tudo isso. Contudo, Satanás causou a queda do homem, fazendo-o fracassar no cumprimento das três bênçãos. Assim, a finalidade da criação permaneceu irrealizada. Jesus veio para realizar a finalidade da criação de Deus, restaurando estas três bênçãos que Deus havia prometido. Por conseguinte, Satanás procurou impedir que ele realizasse a finalidade da criação, apresentando as três tentações, a fim de obstruir o caminho para a restauração das bênçãos.

Como, então, enfrentou e venceu Jesus a estas três grandes tentações? Examinemos primeiro como Satanás, como um ser subjetivo, tentou Jesus. Já esclarecemos o fato de que, no curso da restauração nacional de Canaã centralizado em Moisés, Satanás veio a colocar-se na posição subjetiva com respeito aos israelitas, invadindo (devido à incredulidade dos israelitas e ao fracasso de Moisés) a rocha e as duas tábuas de pedra, simbolizando Jesus e o Espírito Santo. Assim, no curso da restauração mundial de Canaã, João Batista, que tinha vindo com a missão de preparar o caminho do Messias, separando a Satanás (Jo 1.23) não cumpriu sua responsabilidade, e os israelitas caíram de novo na infidelidade e desobediência, como no tempo de Moisés. Por conseguinte, tal como Deus já havia prefigurado no curso de Moisés, Satanás veio a colocar-se na posição subjetiva, que lhe permitia tentar a Jesus. Estudemos estas tentações mais detalhadamente.

Depois que Jesus jejuou por 40 dias, Satanás apareceu diante dele e o tentou, dizendo: "Se és o filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães" (Mt 4. 3). Entretanto, a pedra estava no poder de Satanás, devido à ação de Moisés ao quebrar as tábuas de pedra e ferir a rocha, e devido à descrença de João Batista. Por isso, com o fim de restaurar a pedra, Jesus teve que ir ao deserto e separar a Satanás, jejuando durante 40 dias. Satanás sabia muito bem que Jesus tinha ido ao deserto para restaurar a pedra. Esta tentação significava que Satanás manteria a posse da pedra para sempre, se Jesus, em seu curso no deserto para restauração mundial de Canaã, fraquejasse na fé e resolvesse ordenar que a pedra se tornasse pão a fim de encher seu estômago faminto, sem procurar restaurar a pedra — tal como em dias anteriores os israelitas não puderam suportar a fome e caíram na infidelidade, na restauração nacional de Canaã.

A resposta de Jesus a esta tentação foi: "Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4.4). Originalmente, o homem foi criado para viver de duas espécies de elementos. Isto é, o corpo físico do homem se mantém dos nutrimentos tirados do mundo natural, enquanto seu espírito vive das palavras que saem da boca de Deus. Contudo, os homens decaídos tornaram-se incapazes de receber a palavra de Deus diretamente, e seus espíritos vivem das palavras de Cristo, que veio à Terra como a encarnação da palavra de Deus, como está escrito na Bíblia (Jo 1.14). Por isso Jesus disse: "Eu sou o pão da vida" (Jo 6.48), e prosseguiu dizendo: "Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós" (Jo 6.53). Por conseguinte, mesmo que o corpo físico do homem tenha vida comendo pão, somente com isso ele não pode desfrutar de uma vida saudável. O homem pode tornar-se saudável se, além disso, vive por Cristo, que veio como encarnação da palavra de Deus e como o alimento da vida do homem.

Todavia, a pedra tornou-se posse de Satanás pelo fato de ter Moisés ferido a rocha duas vezes, a qual era a raiz das tábuas de pedra. A pedra na mão de Satanás, naquela altura, era verdadeiramente a rocha e as tábuas de pedra, que Moisés havia perdido. Por conseguinte, a pedra, afinal, simbolizava o próprio Jesus, que estava sob a tentação de Satanás. Isto se torna ainda mais evidente quando lemos acerca de uma pedra que simboliza Cristo (Ap 2.17) e que a "rocha era Cristo" (I Co 10.4). Portanto, a resposta de Jesus à primeira tentação de Satanás tinha o sentido de que, mesmo estando ele naquele momento a ponto de morrer de fome, não importava o pão para o corpo físico, e ele tinha que triunfar, da posição de receber a tentação de Satanás, e tornar-se o alimento da palavra de Deus, que podia salvar os corpos espirituais de toda a humanidade. A primeira tentação foi estabelecida de forma que Jesus pudesse situar-se na posição de Messias, com individualidade aperfeiçoada, vencendo a tentação da posição de João Batista. Satanás foi finalmente derrotado por tais palavras de Jesus, que o confrontou com a vontade de Deus da posição do Princípio. Jesus, vencendo a primeira tentação e estabelecendo assim a condição que possibilitava a restauração de sua individualidade, assentou o fundamento para a restauração da primeira bênção de Deus.

A seguir, Satanás colocou a Jesus sobre o pináculo do templo e disse: "Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo" (Mt 4.5-6). Jesus chamou a si mesmo de templo (Jo 2.19-21) e os santos foram chamados de templos de Deus (I Co 3.16). Consta igualmente que os santos são os membros de Cristo (I Co 12.27). Por isso podemos compreender que Jesus é o templo principal e os santos são os ramais do templo. Deste modo, Jesus veio como o mestre do templo, e o próprio Satanás tinha que reconhecer sua autoridade. Assim, ele colocou Jesus no pináculo do templo; disse então a Jesus que se lançasse de lá para baixo. Isto significava que, se Jesus se lançasse abaixo, partindo da posição de mestre para a posição de homem decaído, Satanás ocuparia a posição de dominador do templo, em lugar de Jesus.

Naquele ponto Jesus respondeu, dizendo: "não tentarás ao Senhor teu Deus" (Mt 4.7). Originalmente, os anjos foram criados para serem dominados por um homem do estado original da criação; portanto, um anjo decaído devia naturalmente ser dominado por Jesus. Conseqüentemente, a tentativa do anjo de pôr-se na posição de senhor do templo era um ato fora do Princípio. Logo, ele não devia ter-se colocado na posição de tentar a Deus, com tal ato fora do Princípio, tentando a Jesus, o corpo de Deus, que opera Sua providência somente pelo Princípio. Ademais, Jesus, vencendo a primeira tentação, tinha firmemente estabelecido sua posição de Senhor do templo, como o templo substancial, com sua individualidade restaurada. Por conseguinte, ele já não estava mais em nenhuma posição de ser tentado por Satanás; Satanás devia ter se afastado, sem tentar a Jesus de novo.

Assim, vencendo a segunda tentação, Jesus, que veio como o templo principal e o noivo, e como o Verdadeiro Pai da humanidade, estabeleceu a condição que lhe possibilitava restaurar todos os santos à posição de seus ramais do templo e noivas, e verdadeiros filhos, criando assim a base para a restauração da segunda bênção de Deus.

A seguir Satanás conduziu Jesus a uma montanha muito alta e mostrando-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, tentou-o, dizendo: "Dar-te-ei tudo isso, se, prostrando-te diante de mim, me adorares" (Mt 4.9). Originalmente, Adão, devido à sua queda, perdeu sua autoridade como o dono de toda a Criação, sendo dominado por Satanás, e naturalmente, Satanás tornou-se o dominador de toda a Criação em lugar de Adão (Rm 8.20). Jesus, que veio na capacidade de um Adão aperfeiçoado, era o dominador de toda a Criação, como está escrito que Deus pôs todas as coisas aos pés de Cristo (I Co 15.27). Por isso Satanás, que conhecia este princípio, conduziu Jesus a uma alta montanha, pondo-o na posição de senhor de todas as coisas, e depois o tentou, para que Jesus, o segundo Adão, também se rendesse diante dele, tal como no início Adão se havia rendido.

Jesus respondeu a isto, dizendo: "Ao Senhor teu Deus, adorarás e só a Ele servirás" (Mt 4.10). Originalmente, o anjo era um espírito servidor (Hb 1.14), e devia adorar e servir a Deus, seu Criador. Jesus respondeu, indicando que era o Princípio que Satanás, o anjo decaído, devia adorar e servir a Deus. Naturalmente, é também o Princípio para Satanás adorar e servir a Jesus, que apareceu como o corpo de Deus, o Criador. Ademais, Jesus já tinha estabelecido o fundamento que lhe possibilitava restaurar a primeira e segunda bênção de Deus, vencendo as duas primeiras tentações. Por conseguinte, era natural que ele dominasse toda a Criação, restaurando a terceira bênção de Deus sobre aquela base. Assim ele respondeu de acordo com o Princípio, indicando que já não havia mais razão para continuar a envolver-se em tentações com respeito à Criação, a qual já se encontrava situada sobre a base vitoriosa.

Desta forma Jesus venceu a terceira tentação para restaurar sua dominação sobre todo o mundo da Criação. Através disso ele estabeleceu a base para a restauração da terceira bênção de Deus.

(iii) O Resultado da Separação de Satanás mediante o Jejum de 40 dias e as Três Grandes Tentações

De acordo com o Princípio da Criação, a finalidade da criação de Deus deve realizar-se somente quando o homem estabelecer o fundamento de quatro posições, depois de passar pelo processo de três estágios de origem, divisão e união. Contudo, o homem não tinha conseguido realizar a finalidade da criação, porque tinha sido invadido por Satanás, em seu curso do estabelecimento das quatro posições. Por conseguinte, Deus também tencionava restaurar por indenização todas as coisas perdidas, estabelecendo o fundamento de 40 dias para a separação de Satanás, através dos três estágios do prolongamento da providência.

Entretanto, Jesus, embora fosse o Messias, estabeleceu o fundamento de 40 dias de separação de Satanás, vencendo os três estágios de tentação a partir da posição de João Batista. Em conseqüência, Jesus pôde restaurar por indenização, de uma só vez, todas as condições que Deus tinha procurado restaurar estabelecendo o fundamento de 40 dias para a separação de Satanás, por meio do prolongamento, em três estágios, de Sua providência da restauração.

Em primeiro lugar, Jesus pôde restaurar, por indenização, tudo quanto devia ser restaurado a fim de estabelecer o fundamento de fé, por meio do curso providencial até esse tempo. Isto é, ele restaurou por indenização as ofertas de Caim e Abel, a arca de Noé, a oferta de Abraão, o tabernáculo de Moisés e o templo de Salomão. Ademais, Jesus, de uma só vez, restaurou horizontalmente por indenização todos os fundamentos de 40 dias de separação de Satanás, que se haviam perdido devido aos fracassos das figuras centrais, cuja missão tinha sido restaurar o fundamento de fé, através do curso vertical da história durante os 4.000 anos desde Adão. Isto é, restaurou por indenização o julgamento de 40 dias do dilúvio de Noé; os três períodos de 40 anos e os dois jejuns de 40 dias de Moisés; os 40 dias de espionagem em Canaã; o curso de 40 anos no deserto dos israelitas; os 400 anos desde Noé até Abraão; os 400 anos de escravidão no Egito; e todos os outros períodos do número 40 perdidos depois disso, até seu próprio tempo.

Em segundo lugar, Jesus pôde estabelecer a condição que lhe possibilitava realizar as três grandes bênçãos de Deus e restaurar por indenização o fundamento de quatro posições, porque a partir da posição de João Batista, ele veio a colocar-se na posição do Messias. Conseqüentemente, Jesus tornou-se um ser substancial que tinha realizado a oferta, e pôde situar-se como o ser substancial das tábuas de pedra, do tabernáculo, da arca da aliança, da rocha e do templo.

(2) Fundamento de Substância

Jesus veio como o Verdadeiro Pai da humanidade e restaurou por indenização o fundamento de 40 dias de separação de Satanás a partir da posição de João Batista. Por isso ele podia restaurar o fundamento de fé a partir da posição de um pai, e, ao mesmo tempo, podia firmar a posição de Abel ao estabelecer a condição mundial de indenização para eliminar a natureza decaída a partir da posição de um filho. Por conseguinte, Jesus veio a colocar-se na posição de ter restaurado por indenização, sobre a base mundial, a posição de Moisés que tinha estabelecido o fundamento de fé para a segunda restauração nacional de Canaã, passando pelo período de 40 anos de indenização no deserto de Midiã.

No segundo curso da restauração nacional de Canaã, Deus operou sua "providência para o início" com os três grandes milagres e as dez pragas. Mais tarde, no terceiro curso da restauração nacional de Canaã, Deus operou sua "providência para o início", estabelecendo as três grandes graças das tábuas de pedra, tabernáculo e arca da Aliança - e os dez mandamentos, para restaurar por indenização os três grandes milagres e as dez pragas no Egito, que foram anulados por causa da falta de fé dos israelitas.

Já que Jesus era o ser substancial dos Dez Mandamentos e das três grandes graças (as tábuas de pedra, o tabernáculo e a arca da aliança), ele operou a "providência para o início" por suas próprias palavras, milagres e sinais no segundo curso da restauração mundial de Canaã. Se, de acordo com a "providência para o início", o povo judeu, na posição de Caim, tivesse acreditado e seguido a Jesus na posição de Abel, teriam estabelecido a condição de indenização para eliminar a natureza decaída e teriam restaurado o fundamento de substância, assim estabelecendo o fundamento para receber o Messias. Nesse caso, Jesus, saindo da posição de João Batista, ter-se-ia colocado na posição de Messias. Então, se toda a humanidade se tivesse enxertado a ele (Rm 11.17), tivesse nascido de novo, purificada do pecado original e se tivesse tornado um só corpo em coração com Deus, teria restaurado a natureza original dotada na criação, realizando assim o Reino de Deus na Terra, naquele tempo.

(3) A Falha do Segundo Curso da Restauração Mundial de Canaã

Quando, devido à falta de fé de João Batista, a primeira providência da restauração mundial de Canaã terminou em fracasso, Jesus restaurou por indenização o fundamento de fé para a segunda restauração mundial de Canaã, sofrendo por si mesmo a tribulação de 40 dias no deserto, herdando por sucessão a missão de João Batista. Entretanto, Satanás, que foi derrotado nas três grandes tentações, afastou-se de Jesus até um tempo oportuno (Lc 4.13). O fato de ter Satanás se afastado dele "até um tempo oportuno" dá a entender que ele não abandonou Jesus completamente, mas podia vir novamente perante Jesus. De fato, Satanás confrontou-se com Jesus, trabalhando através do povo judeu, centralizando-se nos sumos sacerdotes e escribas que haviam caído na incredulidade, e especialmente através de Judas Iscariotes, o discípulo que traiu a Jesus.

Desta maneira, devido à falta de fé do povo judeu, o fundamento de substância para o segundo curso da restauração mundial de Canaã resultou em fracasso; em conseqüência, o fundamento para receber o Messias para esta providência foi também um fracasso. Naturalmente, o segundo curso da restauração mundial de Canaã também falhou.

3. TERCEIRO CURSO DA RESTAURAÇÃO MUNDIAL DE CANAÃ

(1) Curso da Restauração Espiritual de Canaã, Centralizado em Jesus

Antes de abordar os problemas com respeito ao terceiro curso da restauração mundial, devemos primeiro saber em que aspecto ele difere do terceiro curso da restauração nacional de Canaã. Como já foi tratado em detalhe, o centro da fé dos israelitas no terceiro curso da restauração nacional de Canaã era o tabernáculo, que era o corpo simbólico do Messias. Assim, mesmo quando a nação israelita caiu na incredulidade, este tabernáculo permaneceu intacto, colocado sobre o fundamento de fé para o tabernáculo, que Moisés havia estabelecido por seu jejum de 40 dias. Quando também Moisés caiu em infidelidade, ele permaneceu de pé, centralizado em Josué, que continuou a servir a Vontade no fundamento para o tabernáculo, que tinha sido estabelecido pelo período de 40 dias de espionagem de Josué para separar de Satanás, sobre o fundamento de fé que Moisés tinha estabelecido.

Contudo, o objeto de fé do povo judeu, em seu terceiro curso da restauração mundial de Canaã, era o próprio Jesus, que veio como o corpo substancial do templo. Quando até os discípulos caíram na infidelidade, Jesus se viu obrigado a tomar o caminho da morte, sacrificando seu corpo físico na cruz, como estava escrito: "Do mesmo modo que Moisés elevou a serpente no deserto, assim tem de ser elevado o Filho do homem" (Jo 3.14). Deste modo, o povo judeu perdeu seu objeto de fé, tanto em espírito como em carne. Por isso não podiam iniciar seu terceiro curso da restauração mundial de Canaã diretamente como um curso substancial. Mas os cristãos, como o segundo Israel, iniciaram primeiro um curso espiritual, estabelecendo a Jesus ressuscitado como seu objeto de fé.

Eis o motivo porque Jesus disse: "Destruí este templo (o próprio Jesus), e em três dias eu o levantarei" (Jo 2.19). O Senhor virá e, herdando a missão de Jesus, cumprirá, espiritual e fisicamente, o terceiro curso da restauração mundial de Canaã, tal como Josué cumpriu o terceiro curso da restauração nacional de Canaã, herdando a missão de Moisés.

Observando apenas tal curso providencial da restauração, podemos compreender que se o Senhor não vier novamente em carne, tal como no tempo de Jesus, não poderá herdar por sucessão e realizar a finalidade da providência da restauração, que se propunha realizar na primeira vinda.

(i) Fundamento Espiritual de Fé

Já que o segundo curso da restauração mundial de Canaã terminou em fracasso, devido à traição dos israelitas para com Jesus, o fundamento de fé que Jesus tinha estabelecido, por meio do jejum de 40 dias, a partir da posição de João Batista, foi irremediavelmente entregue a Satanás. Por isso depois de entregar seu corpo físico a Satanás, através da cruz, Jesus estabeleceu a base espiritual de separação de Satanás, por seu período de ressurreição de 40 dias a partir da posição de portador espiritual da missão de João Batista. Fazendo isso, ele pode restaurar o fundamento espiritual de fé para o curso espiritual da terceira restauração mundial de Canaã. Não houve homem algum, até o dia de hoje, que soubesse que era esta a razão pela qual o período de ressurreição de 40 dias foi estabelecido depois da crucifixão de Jesus. Como, então, Jesus estabeleceu o fundamento espiritual de fé?

Deus tinha estado com a nação eleita de Israel até o tempo em que Jesus apareceu como o Messias. Não obstante, a partir do momento de sua rebeldia contra Jesus, que apareceu como o Messias, Deus se viu obrigado a entregar seus eleitos, nas mãos de Satanás. Assim Deus, juntamente com Seu filho, que foi traído pelos israelitas, tiveram que abandoná-los e voltar-se contra Sua nação eleita. Não obstante, o propósito de Deus ao enviar o Messias era salvar não somente a nação escolhida, mas também toda a humanidade. Por isso Deus tencionava salvar toda a humanidade, mesmo que tivesse que entregar Jesus nas mãos de Satanás. Por outro lado, Satanás procurava matar um único homem, Jesus, o Messias, mesmo que tivesse que entregar a Deus toda a humanidade, inclusive a nação escolhida, que estava então do seu lado. O motivo era que Satanás pensava que pudesse destruir a finalidade de toda a providência de Deus matando o Messias, pois ele sabia que o primeiro propósito da providência da restauração de 4.000 anos de Deus tinha sido estabelecer um só homem, o Messias. Assim, Deus finalmente entregou Jesus a Satanás, como a condição de indenização, a fim de salvar toda a humanidade, inclusive o povo judeu, que se havia voltado contra Jesus e estava então no lado de Satanás.

Deste modo Satanás conseguiu o que pretendia através do curso da história de 4.000 anos, crucificando Jesus, com o exercício de seu máximo poder. Deus, que entregou Jesus nas mãos de Satanás, podia, por esse preço, estabelecer a condição para salvar toda a humanidade, inclusive os israelitas.

Como, então, pode Deus salvar aos homens pecadores? Já que Satanás havia matado a Jesus pelo exercício de seu máximo poder, criou-se então a posição para que Deus exercitasse Seu máximo poder, de acordo com o princípio da restauração por indenização. O exercício do máximo poder por parte de Deus era para ressuscitar os mortos, ao passo que o de Satanás era para matar o homem. Aqui Deus exerceu Seu máximo poder, como a condição de indenização contra o ato de Satanás ao matar a Jesus, por meio do exercício de seu máximo poder, e Ele ressuscitou a Jesus. Enxertando toda a humanidade em Jesus ressuscitado (Rm 11.24) e dando-lhes renascimento, Deus tencionava salvar toda a humanidade.

Como sabemos pela Bíblia, Jesus, depois da Ressurreição, não era o mesmo Jesus que tinha vivido com seus discípulos antes da crucifixão. Ele já não era um homem visto com olhos físicos, pois era um ser transcendente de tempo e espaço. Certa vez apareceu repentinamente em uma sala fechada, onde seus discípulos estavam reunidos (Jo 20.19), enquanto, em outra ocasião, apareceu diante de dois discípulos que se dirigiam para Emaús, e os acompanhou por uma longa distância. Mas seus olhos não podiam reconhecer Jesus, que apareceu diante deles (Lc 24.15-16); e Jesus, que aparecia, também desaparecia subitamente. Jesus, a fim de salvar a humanidade, tinha estabelecido o fundamento espiritual de fé por meio do período de ressurreição de 40 dias para separar a Satanás, depois de entregar seu corpo físico na cruz como um sacrifício. Fazendo isto, abriu o caminho para a redenção dos pecados de todos os homens.

(ii) Fundamento Espiritual de Substância

Jesus, estabelecendo o fundamento espiritual de 40 dias para separar a Satanás, por meio da ressurreição, a partir da posição do portador espiritual da missão de João Batista, podia restaurar o fundamento espiritual de fé a partir da posição de um pai espiritual. Ao mesmo tempo, estabeleceu também a posição de um Abel espiritual ao fazer a condição de indenização mundial para eliminar a natureza decaída, a partir da posição de um filho, espiritualmente. Jesus podia estabelecer um fundamento espiritual de fé para a terceira restauração mundial de Canaã, tal como Moisés pôde estabelecer o fundamento de fé para a terceira restauração nacional de Canaã, passando pelo período de indenização de 40 anos vagando pelo deserto, conduzindo os israelitas.

No tempo de Moisés, Deus operou sua "providência para o início" fazendo com que ele estabelecesse o fundamento para o tabernáculo. Contudo, Jesus ressuscitado operou a "providência para o início" reunindo seus discípulos, dispersos na Galiléia, e dando-lhes o poder de realizar milagres e sinais, já que ele mesmo era o corpo substancial espiritual das tábuas de pedra, do tabernáculo e da arca (Mt 28. 16-18).

Ora, os santos, na posição de Caim, vieram a restaurar o fundamento espiritual de substância, estabelecendo a condição espiritual de indenização para eliminar a natureza decaída, através de seu ato de crer, servir e seguir a Jesus ressuscitado, que estava espiritualmente na posição de Abel, como o portador espiritual da missão de João Batista.

(iii) Fundamento Espiritual para Receber o Messias

Depois da crucifixão de Jesus, os restantes onze apóstolos se dispersaram, em completo desamparo. Jesus, depois de sua ressurreição, os reuniu novamente em um lugar e iniciou sua nova providência da restauração espiritual de Canaã. Os apóstolos escolheram a Matias em lugar de Judas Iscariotes para completar o número dos 12 apóstolos, e creram, serviram e seguiram a Jesus ressuscitado, estabelecendo assim o fundamento espiritual de substância. Fazendo isto, puderam restaurar o fundamento espiritual para receber o Messias.

Sobre este fundamento, Jesus pôde estabelecer a posição de Messias espiritual a partir da posição de portador espiritual da missão de João Batista, e pôde restaurar o Espírito Santo. Fazendo isto, ele se tornou o Verdadeiro Pai espiritual e veio a realizar a obra do renascimento. Isto é, como está escrito na Bíblia (At 2.1-4): depois do advento do Espírito Santo no Pentecostes, Jesus ressuscitado se tornou o Verdadeiro Pai espiritual e, trabalhando em unidade com o Espírito Santo como a Verdadeira Mãe espiritual, espiritualmente enxertou os santos em si mesmos, começando assim a obra do renascimento espiritual. Fazendo isto, Jesus pôde realizar a providência da salvação espiritual (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção I, 4). Conseqüentemente, na esfera de Jesus ressuscitado, a condição espiritual para a acusação de Satanás foi completamente aniquilada, e assim, espiritualmente, ela se tornou uma esfera inviolável por Satanás.

A salvação física do homem decaído permaneceria sem completar, embora ele pudesse pela fé tornar-se um com Jesus, porque seu corpo ainda está na posição de estar invadido por Satanás, tal como o próprio Jesus. Contudo, se cremos em Jesus ressuscitado, estaremos com Jesus espiritualmente na esfera inviolável por Satanás, e assim poderemos realizar a salvação espiritual, livres da condição espiritual da acusação de Satanás.

(iv) Restauração Espiritual de Canaã

Os cristãos podiam realizar apenas a restauração espiritual de Canaã, crendo em Jesus e servindo a ele como o Messias espiritual, sobre o fundamento espiritual para receber o Messias. Assim, os corpos físicos dos santos, que estavam na esfera de graça para a restauração espiritual de Canaã, estavam na mesma posição que o corpo físico de Jesus, invadido por Satanás através da cruz. Portanto, estavam sendo invadidos por Satanás, tal como no tempo anterior à vinda de Jesus, com o pecado original ainda permanecendo em si (Rm 7.25). Naturalmente, os santos também tiveram que passar pelo curso de separação de Satanás novamente para o segundo advento do Senhor (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção I, 4).

O ideal do tabernáculo no curso nacional da restauração de Canaã, pelo qual Deus operou sua providência centralizada em Moisés, veio então a ser realizado sobre o fundamento mundial centralizado no templo espiritual de Jesus ressuscitado. O lugar santíssimo e o lugar santo foram realizados pelo espírito e corpo de Jesus. Uma vez que o ideal do propiciatório foi realizado por meio da obra de Jesus e do Espírito Santo, Deus podia aparecer e falar. Assim, no propiciatório, onde se ouviam as palavras de Deus, o querubim que havia obstruído o caminho desde a queda dos primeiros antepassados humanos seria posto de lado, de forma que se pudesse entrar na arca para encontrar a Jesus, a Árvore da Vida, para comer o maná dado por Deus e para manifestar o poder de Deus, representado pela vara de Aarão, que floresceu (Hb 9.4-5). Deste modo, podemos entender que a crucifixão de Jesus e o Segundo Advento não foram uma providência determinada, quando vistos através do curso de Moisés.

(2) Curso da Restauração Substancial de Canaã Centralizado no Senhor do Segundo Advento

Já discutimos o motivo porque o povo eleito de Deus iniciou o terceiro curso da restauração mundial de Canaã como um curso espiritual, não podendo iniciá-lo como um curso substancial, como haviam feito em seu terceiro curso da restauração nacional de Canaã. A providência espiritual da terceira restauração mundial de Canaã, que eles tinham iniciado sobre o fundamento espiritual para o Messias, pela crença e obediência a Jesus, o Messias espiritual, veio hoje a ampliar seu território espiritual, sobre uma base mundial, depois de ter passado o curso de 2.000 anos de história.

Assim como Josué, que substituiu Moisés no curso espiritual da restauração de Canaã, realizou a restauração nacional de Canaã passando pelo curso substancial, o Senhor do Segundo Advento tem que realizar o Reino de Deus na Terra, vindo para caminhar pelo curso espiritual da restauração de Canaã como um curso substancial, e realizando a restauração mundial de Canaã. Desta maneira, o Senhor do Segundo Advento, que deve realizar o mesmo Reino de Deus na Terra como tencionava realizar substancialmente no tempo de Jesus, deve nascer na Terra como um homem substancial na carne (cf. Parte II, Capítulo Vl, Seção II, 2).

O Senhor do Segundo Advento deve restaurar por indenização o curso providencial da restauração deixado inacabado no tempo da primeira vinda. Por conseguinte, assim como Jesus teve que caminhar pelo amargo curso da providência espiritual da restauração, devido à falta de fé do povo judeu, o Senhor deve restaurar por indenização o curso espiritual de tribulação, desta vez substancialmente na carne, caso os cristãos, o segundo Israel, venham a cair na infidelidade. Jesus disse: "É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração" (Lc 17.25).

Por conseguinte, assim como Jesus, a partir do tempo de sua vinda em diante, teve que caminhar de novo em seu curso espiritual da providência, abandonando o primeiro Israel da convocação de Deus e estabelecendo os cristãos como sua segunda nação escolhida, o Senhor do Segundo Advento talvez tenha que realizar o curso providencial, substancialmente, abandonando os cristãos da segunda convocação e chamando de novo o terceiro Israel, se os cristãos caírem na infidelidade. Se, no Segundo Advento, os arautos, que vêm com a missão de João Batista (Jo 1.23), para endireitar seu caminho, falharem em levar a cabo sua missão, tal como na primeira vinda, o próprio Senhor do Segundo Advento deve estabelecer substancialmente o fundamento de fé para a terceira providência da restauração mundial de Canaã, a partir da posição de João Batista, tendo assim que andar pelo caminho da tribulação.

Por mais amargo que seja o caminho que ele tiver que seguir, o Senhor do Segundo Advento jamais virá a morrer sem cumprir a providência da restauração, como no tempo de Jesus. Isto é assim porque a providência de Deus para realizar sua finalidade da criação, por meio dos Verdadeiros Pais da humanidade, foi passada de Adão através de Jesus, até o Senhor do Segundo Advento e, na terceira vez, a providência não falhará em ser realizada. Ademais, como será tratado depois (cf. Parte II, Capítulo Vl, Seção IV), a providência espiritual da restauração para os 2.000 anos depois de Jesus realizou a idade da democracia, a fim de criar uma sociedade favorável à providência. Jesus foi morto depois de ter sido tachado de rebelde contra o judaísmo, mas, na sociedade democrática, no Segundo Advento, o Senhor não pode andar pelo caminho da morte, mesmo que seja tenazmente perseguido como herege.

Por conseguinte, por mais difícil que seja o caminho pelo qual o Senhor do Segundo Advento terá de andar, ajuntar-se-ão santos que acreditarão nele e o servirão de modo absoluto, sobre o fundamento substancial de fé que ele estabelecerá; e não há dúvida de que eles conseguirão estabelecer o fundamento substancial para receber o Messias, estabelecendo o fundamento de substância, em favor do curso substancial da terceira restauração mundial de Canaã.

No terceiro curso nacional da restauração de Canaã, no tempo de Moisés, Deus devia operar sua "providência para o início", centralizando-se na rocha. No tempo de Josué, Ele operou Sua "providência para o início" centralizando-se na água, que era mais interna do que a rocha. Da mesma maneira, Jesus operou a "providência para o início" pelos milagres e sinais na primeira vinda, mas no Segundo Advento, Cristo operará a "providência para o início" centralizando-se na Palavra, que é interna. O motivo é que, como ficou tratado anteriormente (cf. Parte I, Capítulo III, Seção III, 2), o homem, que foi criado pela Palavra (Jo 1.3), falhou em cumprir a finalidade da Palavra, devido à queda. Deus, que tem operado sua providência da restauração pelo estabelecimento da condição externa da Palavra, a fim de cumprir a finalidade da Palavra, tem que enviar a Cristo, que é a substância da Palavra (Jo 1.14), no final da história providencial, e deve operar Sua providência de salvação, centralizando-se na Palavra.

Quando observamos a finalidade da criação de Deus, centralizando-se na conexão de coração, Deus, como o Pai espiritual, criou os homens como Seus filhos substanciais. Adão e Eva, que foram criados primeiro como os objetos substanciais à imagem e semelhança das essencialidades duais de Deus, são os primeiros objetos substanciais de Deus e os primeiros pais da humanidade. Assim, unindo-se como esposo e esposa e multiplicando filhos, deviam ter estabelecido uma família coligada e unida nos corações dos pais, do casal e dos filhos, representando o amor paterno, o amor conjugal e o amor filial. Este é, em verdade o fundamento de quatro posições, que realizou as três finalidades objetivas (cf. Parte I, Capítulo I, Seção II, 3).

Desta maneira, Deus tencionava estabelecer o Reino de Deus na Terra, com Seus filhos de descendência direta. Contudo, como foi tratado na "Queda do Homem", todos os homens, devido ao relacionamento de sangue dos primeiros antepassados humanos com o arcanjo Lúcifer, tornaram-se filhos do diabo, herdando a linhagem de sangue de Satanás (Mt 3.7, 23.33, Jo 8.44). Desta maneira, os primeiros antepassados humanos caíram na posição em que foram cortados da linhagem de Deus, e isto constituiu a queda (cf. Parte I, Capítulo II).

Portanto, a finalidade da providência da restauração de Deus é restaurar os homens decaídos, que foram separados da linhagem de Deus, e estabelecê-los como os filhos da linhagem direta de Deus. Descubramos o segredo da providência da restauração de Deus na Bíblia.

Como foi abordado antes, a família de Adão, que estava tão degradada a ponto de cometer um assassinato, foi separada de seu relacionamento com Deus. No tempo de Noé, não se pode restaurar o relacionamento direto com Deus, devido ao fracasso de Cam, o segundo filho, que estava na posição de Abel. Contudo, o homem pôde colocar-se na posição de servo dos servos (Gn 9.25), porque existia o fundamento da lealdade de Noé. Assim, o homem conseguiu ter um relacionamento indireto com Deus. Este era o verdadeiro relacionamento entre Deus e o homem no período anterior à Idade do Velho Testamento.

Em seu tempo, Abraão, o pai da fé, pôde constituir os eleitos de Deus estabelecendo o fundamento para receber o Messias no nível de família. Assim, pela primeira vez, a posição de servo de Deus foi restaurada (Lv 25.55). Este era o relacionamento entre Deus e o homem na Idade do Velho Testamento. Depois da vinda de Jesus, seus discípulos, que estavam situados sobre o fundamento de fé, que ele tinha estabelecido a partir da posição de João Batista, foram, pela primeira vez, restaurados da posição de servos da Idade do Velho Testamento para a posição de filhos adotivos. Para que pudessem tornar-se filhos da linhagem direta de Deus, tinham que estabelecer o fundamento para receber o Messias fazendo o fundamento de substância em absoluta obediência a Jesus e, enxertando-se (Rm 11.17) espiritual e fisicamente a Jesus, que estava colocado sobre esse fundamento, deviam tornar-se um só corpo com ele.

Jesus veio como o Filho de Deus, sem pecado original, da linhagem direta de Deus e, fazendo com que toda a humanidade decaída se tornasse um só corpo com ele, enxertando-os em si, devia restaurá-los para serem os filhos da linhagem direta de Deus, tendo eliminado o pecado original. Jesus e o Espírito Santo vieram como os Verdadeiros Pais espirituais para fazer com que os homens restaurassem sua conexão linear com Deus, como dotada na criação, levando os homens decaídos a eliminarem seu pecado original, enxertando-os em si mesmos. Chamamos a obra de Jesus e do Espírito Santo de "Renascimento" (cf. Parte I, Capitulo VII, Seção IV). Por conseguinte, devemos saber que Jesus veio como o centro, a verdadeira oliveira, a fim de enxertar em si mesmo os homens decaídos, que são os ramos de oliveiras selvagens.

Não obstante, até seus discípulos caíram em infidelidade, e assim, Jesus foi crucificado na posição de João Batista, sem conseguir desempenha seus deveres de Messias. Deste modo, Jesus ressuscitado teve que estabelecer o fundamento espiritual de fé por meio do período de ressurreição de 40 dias para separar a Satanás, estabelecido a partir da posição do João Batista espiritual. Depois disso, o fundamento espiritual de substância foi estabelecido pela fé e lealdade dos discípulos, que voltaram para ele arrependidos, e daí o fundamento espiritual para receber o Messias foi estabelecido pela primeira vez. Finalmente, sobre essa base espiritual, os santos vieram a colocar-se como filhos espirituais, estando espiritualmente enxertados em Jesus, que está na posição de Messias espiritual. Este tem sido o relacionamento entre Deus e os homens decaídos, de acordo com a providência espiritual da restauração depois de Jesus, até o momento atual. Por conseguinte, os homens decaídos podem, por ora, colocar-se apenas espiritualmente na posição de objetos de Deus, porque a providência espiritual da restauração depois de Jesus tem sido restaurar o mundo espiritual primeiro, tal como Deus havia criado o mundo espiritual primeiro. Em conseqüência, por mais devoto que seja um cristão, já que não conseguiu eliminar o pecado original que vem pela carne, não se encontra diferença entre ele e os santos da Idade do Velho Testamento, em vista de que nem um nem outro foi capaz de desprender-se da linhagem de Satanás (cf. Parte I, Capítulo IV, Seção I, 4). Na melhor das hipóteses, os cristãos são filhos adotivos perante Deus, porque são filhos de uma linhagem diferente. Por este motivo disse Paulo:

"Não somente a criação, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos igualmente em nós mesmos, aguardando a adoção como filhos ..." (Rm 8.23)

Por conseguinte, o Senhor do Segundo Advento deve vir para restaurar toda a humanidade para que sejam filhos da linhagem direta de Deus. Conseqüentemente, ele deve nascer na Terra, em carne, como nasceu Jesus. Fazendo isso, deve restaurar por indenização o curso de Jesus, percorrendo-o de novo. Portanto, o Senhor do Segundo Advento tem que estabelecer, substancialmente, o fundamento para receber o Messias, de acordo com a providência para o início, centralizando-se na Palavra; e, enxertando toda a humanidade espiritual e fisicamente sobre este fundamento, deve restaurá-los para serem filhos da linhagem direta de Deus, tendo eliminado o pecado original.

Jesus estabeleceu o fundamento em nível de família, constituindo os doze apóstolos centralizados nos três principais, e depois ampliou-o para o fundamento em nível de tribo, constituindo os 70 discípulos, a fim de restaurar por indenização a posição de Jacó, que tinha sido a figura central do fundamento para o Messias no nível de família. Da mesma maneira, o Senhor do Segundo Advento, deve também restaurar o fundamento para receber o Messias, substancialmente, partindo do nível familiar, e gradualmente ampliando para o nível tribal, racial, nacional, mundial e depois para o nível cósmico. Sobre este fundamento, ele deve finalmente ser capaz de estabelecer o Reino do Céu na Terra.

Deus, estabelecendo a nação eleita do primeiro Israel, preparou a base para que Jesus viesse e rapidamente realizasse o propósito de construir o Reino do Céu, mas, devido à rebeldia deles, Ele teve que novamente estabelecer os cristãos como o segundo Israel. De modo semelhante, se os cristãos, que foram escolhidos como o segundo Israel para o ideal da construção do Reino do Céu pelo Senhor do Segundo Advento, também se voltarem contra ele, Deus se verá obrigado a abandonar Seus eleitos do segundo Israel e escolher novamente Seus eleitos do terceiro Israel. Portanto, os cristãos dos Últimos Dias, tal como o povo judeu dos dias de Jesus estão situados em circunstâncias muito favoráveis; mas, por outro lado, estão na posição em que são capazes de se tornarem muito infelizes.

4. LIÇÕES APRENDIDAS DO CURSO DE JESUS

Primeiro: neste caso Deus nos demonstrou como é a predestinação de Sua vontade. Deus sempre predestina sua vontade para que seja totalmente cumprida no final. Quando João Batista fracassou em cumprir sua missão, o próprio Jesus, que viera como o Messias, se propôs cumprir a Vontade, até mesmo substituindo a João. Visto que o Reino do Céu não foi realizado, devido à incredulidade do povo judeu, Cristo voltará para cumprir esta Vontade.

Em segundo lugar, Deus nos demonstrou que sua predestinação com respeito ao cumprimento da Vontade, centralizada em um determinado indivíduo ou nação de Sua escolha, não é absoluta, senão relativa. Em outras palavras, embora Deus possa ter estabelecido certo indivíduo ou nação para realizar a finalidade de Sua providência da restauração, Ele preparará outro portador da missão para substitui-lo na obra, se o primeiro falhar no cumprimento de sua porção de responsabilidade. Jesus tinha escolhido João Batista como seu discípulo principal, mas quando ele fracassou em executar sua responsabilidade, Jesus escolheu Pedro em lugar dele. Em outro caso, ele escolheu Judas Iscariotes como um de seus 12 apóstolos, mas quando Judas fracassou em realizar sua responsabilidade, Jesus escolheu Matias em lugar dele (At 1.26). Da mesma maneira, Deus escolheu o povo judeu para realizar a finalidade de Sua providência da restauração, mas quando eles fracassaram em realizar sua responsabilidade, Ele transferiu a missão para os Gentios (At 13.46, Mt 21.33-43). Deste modo, mesmo que Deus tenha escolhido certo homem para cumprir sua vontade, nunca pode predestinar absolutamente o cumprimento da Vontade centralizado em uma pessoa.

Terceiro: Deus nos demonstrou que não interfere com a porção de responsabilidade do homem, mas domina apenas seu resultado. Quando João Batista ou Judas Iscariotes caíram na infidelidade, não era que Deus não soubesse, ou que Ele fosse incapaz de impedi-lo, mas Ele não interferiu de modo algum em sua fé, dominando unicamente o resultado de suas ações.

Finalmente, Deus nos demonstrou que quanto maior for a missão da pessoa, tanto mais rigorosa será a prova que a espera. Já que Adão abandonou Deus por sua falta de fé, Jesus, que veio como o segundo Adão, a fim de realizar a finalidade da providência da restauração, tinha que restaurar por indenização a posição anterior à queda, demonstrando boa fé, a partir da posição em que é abandonado por Deus, em lugar de Adão. Por isso Jesus teve que passar pelas tentações de Satanás no deserto, e teve que sofrer na cruz, completamente abandonado por Deus (Mt 27.46).